“Estamos a fazer um voto de protesto, ou seja, recusamos votar porque não concordamos com aquilo que o nosso Governo está a fazer com a nossa terra. Se é este tipo de desenvolvimento que eles querem para o Interior, nós não concordamos”, afirmou à agência Lusa Armando Pinto, porta-voz da Associação Montalegre Com Vida.

Esta associação está em fase de legalização e tem como objetivo lutar contra a exploração de lítio na freguesia, numa altura em que já foi assinado o contrato de exploração entre o Estado português e a empresa Lusorecursos.

Em Morgade foi feito um apelo à abstenção e esta manhã as portas da secção de voto foram fechadas a cadeado, tendo sido chamada a GNR e um serralheiro para abrir o edifício da junta de freguesia.

Durante a manhã concentraram-se cerca de 50 pessoas perto da sede da Junta de Freguesia e pela aldeia foram também colocadas tarjas de grande dimensão onde a principal mensagem que se pode ler é “não à mina, sim à vida”.

“Nós não queremos uma mina a céu aberto na nossa freguesia que vai afetar as três aldeias, uma mina com 800 metros de diâmetro e com 350 metros de profundidade, que irá trabalhar 24 horas por dia, durante todo o ano”, salientou Armando Pinto.

O responsável frisou que a população não “quer abdicar da qualidade de vida” e que o protesto de hoje pretende ser uma “chamada de atenção” para o Governo português e a União Europeia.

“Estamos aqui hoje porque somos contra o lítio. Vão destruir toda a paisagem e não podem continuar assim, a fazer pouco desta gente”, afirmou Maria Fernanda, 60 anos, que se juntou ao protesto e garantiu que hoje também não vai votar.

Rogério Nóbrega, 44 anos, também não vota porque a população tem “que estar toda unida e todos do mesmo lado” e porque o “projeto do lítio vai afetar muito a vida de todos”. “Por isso hoje não votamos”, reforçou.

Rogério Nóbrega queixou-se da falta de informação sobre a exploração do lítio na localidade.

“Quando demos conta que este projeto tinha pernas para andar já foi tarde. Acordamos um pouco tarde, mas acho que ainda vamos a tempo de lutar e tentar evitar que venham para aqui destruir a nossa natureza e a nossa vida”, salientou.

Jorge Gonçalo, 61 anos, foi o primeiro a votar em Morgade, pelas 10:10.

“Não vou cumprir este apelo à abstenção porque cheguei aqui hoje e não tinha conhecimento nenhum do que se estava a passar (…) Hoje vou votar porque é o meu dever cívico”, afirmou.

Este residente em Morgade disse que “não concorda ou discorda com o protesto”. “Não tenho conhecimentos que me facultem tomar uma boa decisão”, referiu.

A Lusorecursos já anunciou um plano de negócios para implementar na freguesia de Morgade, onde prevê investir cerca de 500 milhões de euros, criar à volta de 500 postos de trabalho e implementar uma unidade industrial onde será feita a separação dos vários minerais que vão sair da exploração e processado o hidróxido de lítio a utilizar nas baterias elétricas.

A empresa está, neste momento, a fazer o Estudo de Impacto Ambiental (EIA).

Nesta freguesia do distrito de Vila Real, que agrega as aldeias de Morgade, Carvalhais e Rebordelo, estão inscritos 329 eleitores.

Cerca de 10,7 milhões de eleitores são hoje chamados a eleger os 21 deputados portugueses ao Parlamento Europeu, numas eleições a que concorrem 17 listas.

Votam para as eleições ao Parlamento Europeu cerca de 400 milhões de cidadãos dos 28 países da União Europeia, que elegem, no total, 751 deputados.

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