"A casa está pronta. Até já puseram as janelas e tudo", contou Maria do Rosário, de 85 anos, dirigindo-se a António Costa que respondeu: "agora até já tem um sorriso e tudo".

O filho de Maria do Rosário, António, confirma à agência Lusa que a mães "está contente".

Em Vale Cruz, no concelho de Figueiró dos Vinhos, António Costa visitou a casa de Maria do Rosário, a primeira de uma visita a quatro habitações, duas das quais já reconstruídas, uma em acabamentos e outra que deve estar pronta pelo Natal.

A tinta das paredes estalou com o fogo e parte da casa ardeu com o incêndio de 17 de junho, que Maria do Rosário faz questão de contar a António Costa.

"A gente queria botar a água ao fogo, mas não havia água. Não havia bombeiros. Só nós aqui", afirma, abalada, enquanto conta pelo que passou, para logo a seguir sorrir quando o primeiro-ministro lhe põe a mão no ombro enquanto sobem a estrada, antes de se despedir de António Costa.

Com a casa de novo com paredes brancas, Maria do Rosário sublinhou à Lusa que já tem "um bocadinho de alegria". Fica a faltar a horta, onde as couves "nem uma folhinha verde têm".

Seguiu-se a casa de Maria e Carlos Mendes, em Sarzedas do Vasco, no concelho de Castanheira de Pera, num caminho onde se mantêm as cicatrizes do incêndios - as árvores queimadas, os carros calcinados, as placas queimadas.

Em Sarzedas, Maria não se inibe de contar o que passou naquele dia, quando ardeu a parte de trás da casa, um carro e alfaias.

À conversa com António Costa, deixou um recado: "As coisas abandonadas é mandar limpar ou levar castigo. Deus me perdoe, mas tem de ser".

A casa foi reabilitada com a ajuda da Caritas de Coimbra, contou a habitante de Sarzedas do Vasco, apontando para a técnica da instituição, Mariana Figueiredo, que "apareceu do céu".

Questionada pelo primeiro-ministro, Mariana Figueiredo explicou que a Caritas já tem 13 obras concluídas e que os processos de reconstrução têm sido "suficientemente ágeis".

No Vale da Nogueira, António Costa encontrou uma casa que teve de ser construída de raiz, pela mão da Mota Engil, e que a proprietária, Edite Godinho, espera que esteja pronta até ao Natal.

"Quero vir comer o bacalhau cá", desabafou Edite, referindo que para além da habitação faltam ainda os anexos, onde secava o fumeiro e onde tinha o vinho.

Questionada pela Lusa, a habitante, de 53 anos, contou que vivia da terra.

Com as chamas, perdeu "tudo". Tudo é a casa, os anexos, a vinha, as oliveiras, as macieiras, as 25 cerejeiras, um boi "gordo pronto para ir para o matadouro", porcos, cabras, galinhas e frangos.

"Mesmo com a casa pronta, ainda é difícil recomeçar, porque ainda falta muita coisa", conta.

No entanto, na horta onde tudo tinha ficado ardido, alguma alegria surge quando fala das couves, nabos e feijão verde que já crescem na terra.

A visita do primeiro-ministro terminou em Moleiros, concelho de Pedrógão Grande, onde até há direito a entrega de chave ao casal Adelaide Antunes e Abílio Nunes.

A parte de cima onde tinham "as coisas todas" e onde moravam ardeu.

Até ao fim da reconstrução, moraram num pequeno anexo, com quarto e cozinha ao lado da habitação principal.

Para Abílio, já dá para encarar o futuro com outros olhos, quando antes "era muito complicado".

"Agora, é começar outra vez. Com a casa, já dá outro ânimo, outro entusiasmo", partilhou com a Lusa.