Na sua intervenção na conferência “Ucrânia e Outros Conflitos Bélicos: Refugiados, Direito Internacional e Crimes de Guerra”, promovida pela Associação de Advogados Sem Fronteiras de Língua Portuguesa (ADVSF), Ohnivets sublinhou que desde o início da invasão, a 24 de fevereiro, a Rússia “violou cerca de 400 acordos internacionais”, segundo diversas agências internacionais.

“Por todas estas violações do direito internacional, o Presidente russo, Vladimir Putin, deve ser condenado como criminoso de guerra”, defendeu a embaixadora.

Ohnivets lembrou que o Tribunal Penal Internacional (TPI) já abriu um processo de investigação a crimes de guerra cometidos pelas forças militares russas, a pedido de 42 países, incluindo Portugal.

A embaixadora destacou ainda o empenho de países e organizações como os Estados Unidos, a União Europeia e o Reino Unido, que criaram “um grupo de ajuda ao procurador especial do TPI para investigar esses crimes de guerra.

“São muitos os países que têm apelado à Rússia para que respeite as convenções de Genebra”, disse a embaixadora, que pediu para que a comunidade internacional seja firme no apelo para que Moscovo “retire de imediato todas as suas tropas do território ucraniano”.

Há duas semanas, o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, anunciou que Inna Ohnivets seria destituída do cargo de embaixadora da Ucrânia em Portugal, no âmbito de uma rotação normal e agendada de diplomatas.

A embaixadora, de 59 anos, disse que falara telefonicamente com Zelensky e que fora informada da sua substituição dois dias antes de ter sido publicado oficialmente o despacho da sua demissão.

Na conferência de hoje, Ohnivets disse ainda que “os refugiados ucranianos sentem-se seguros em Portugal” e agradeceu ao Governo português toda a ajuda que está a ser dada aos que fogem da invasão russa.

“Estamos gratos ao Governo de Portugal e às organizações civis que tanto têm ajudado os refugiados ucranianos. Valorizamos muito o facto de os cidadãos da Ucrânia aqui receberem acesso a cuidados de saúde, ao trabalho, ao estudo da vossa língua, aos serviços sociais”, disse a embaixadora.

Ohnivets sublinhou o esforço de acolhimento das autoridades portuguesas.

“Segundo dados do Serviços de Estrangeiros e Fronteiras, Portugal já concedeu mais de 45 mil vistos temporários para ucranianos, incluindo para 13 mil menores”, reconheceu a embaixadora.