“Em momentos difíceis fazem falta conversações diretas”, disse Scholz acompanhado por Erdogan em declarações antes do início do encontro, indicando que entre ambos existe um “bom diálogo” apesar das “opiniões divergentes”.
O chanceler reiterou a sua aposta em “pausas humanitárias” em Gaza, mas sublinhou que Israel “tem direito a defender-se” e de neutralizar a ameaça do grupo islamita palestiniano Hamas, sem dever ser criticado.
Pelo contrário, Erdogan pediu um “cessar-fogo humanitário”, primeiro passo para uma solução mais global, e invetivou contra a matança por Israel “de 13.000 crianças, mulheres e anciãos”.
“Matam crianças, pessoas nos hospitais. Vamos calar-nos perante isto? Não vamos elevar a nossa voz? E se não elevarmos a voz, se não fizermos nada, como pagaremos o preço da história?”, questionou.
Numa referência aos reféns sequestrados pelo Hamas, indicou que um número muito superior de palestinianos está detido nas prisões israelitas, e acusou Telavive de ocultar que possui a bomba atómica.
No entanto, o Presidente turco moderou o discurso em relação a comentários anteriores, e perante as questões de jornalistas alemães evitou afirmações que poderiam molestar o seu anfitrião, manifestando compreensão face à especial sensibilidade alemã devido ao Holocausto, refere a agência noticiosa Efe.
Scholz e Erdogan optaram por uma perspetiva pragmática, sublinhando os objetivos que partilham, incluindo o envio de ajuda humanitária para a Faixa de Gaza, a prevenção de um conflito regional e, numa perspetiva mais longínqua, a solução de dois Estados.
Ambos também indicaram a intenção em promover a exportação de cereais através do Mar Negro, após o envolvimento da Turquia no acordo suspenso pela Rússia, em particular em direção a África.
A ratificação pelo parlamento turco da adesão da Suécia à NATO, a revisão do pacto migratório UE-Turquia, e o processo de adesão turca à União Europeia, bloqueado há vários anos, foram outros assuntos abordados.
E de forma indireta, Erdogan também referiu o interesse da Turquia na compra de caças Eurofighter, ao assinalar que não deverão existir “obstáculos” nas relações económicas, incluindo a exportação de armamento.
Pelo menos 11.470 palestinianos — dois terços mulheres e crianças — foram mortos desde o início da atual guerra em Gaza em 07 de outubro, de acordo com as autoridades de Saúde locais, que não distinguem entre mortes civis e de militantes. Cerca de 2.700 pessoas estão desaparecidas, a maioria nos escombros dos edifícios bombardeados pelos militares israelitas.
De acordo com as autoridades israelitas cerca de 1.200 pessoas, entre civis e militares, foram mortas em Israel, a maioria no ataque inicial, enquanto perto de 240 foram feitas reféns pelas milícias do Hamas, permanecendo detidas em Gaza.
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