Nova Iorque e Madrid são duas cidades à mesma latitude, mas cada uma delas está ligada ao sol de forma diferente. Na capital espanhola há mais uma hora e vinte de sol do que na cidade norte-americana. O que acontece é que a sintonia entre Espanha e o sol não é perfeita, escreve o The Economist.
Espanha está no fuso horário errado. Os nossos vizinhos têm o mesmo GMT (Greewich Mean Time) que cidades da Europa Central, que chegam a estar a mais de dois mil quilómetros de distância. Mas têm uma hora a mais que a cidade galesa de Swansea, que fica na mesma longitude que o território ibérico.
O fuso horário espanhol é uma anomalia histórica. A dança entre Espanha e o sol era perfeita até Franco alterar os passos, por causa da proximidade com Hitler. Durante o período da Segunda Guerra Mundial o ditador espanhol alterou os seus relógios para a hora alemã. Trocou a sintonia do sol, pela sintonia bélica.
Depois da ditadura e da morte de Franco, ninguém se pareceu importar com o facto de o seu país viver com os relógios desalinhados. Nunca se voltou ao fuso horário antigo, apesar de essa ser a luta de muitos.
Angel Largo é membro de um grupo chamado Arhoe, um grupo conhecido por lutar pelo regresso ao fuso horário antigo. A sua campanha para adotar o GMT igual ao de Portugal iria quebrar hábitos. Os espanhóis passariam a ter horas de almoço mais curtas, um horário de trabalho mais convencional e dormiriam mais. O PP, o PSOE e o Cuidadanos apoiam esta mudança de horário. “É algo relevante para a produtividade”, diz Luis de Guindos, o ministro da economia espanhol. Mas acrescenta que isso é algo que apenas pode ser alcançado com um consenso geral.
A força do hábito é terrível, das mais difíceis de mudar. Ainda assim, Largo está convencido de que a mudança acabará por acontecer, - que será o processo natural e racional -, mas que precisará de um suporte político mais ativo para convencer o povo espanhol a acertar os relógios.
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