Pedro Sánchez assumiu esta posição na conferência de imprensa no final da 2.ª Cimeira das Interligações Energéticas, que se realizou em Lisboa, tendo ao seu lado o primeiro-ministro português, António Costa, e o chefe de Estado de França, Emmanuel Macron.
Sánchez e Macron foram questionados sobre se existem projetos para o encerramento de centrais nucleares em Espanha e França, mas ambos alegaram que os seus países estão atualmente “num processo de transição energética”, em que a questão da segurança é primordial.
“O objetivo de Espanha é a transição energética, com uma aposta decidida nas renováveis, [mas] garantindo a segurança do país, designadamente a existência de preços competitivos”, começou por declarar Pedro Sánchez.
A seguir, o primeiro-ministro espanhol referiu-se à questão da segurança da central nuclear de Almaraz, localizada perto da fronteira portuguesa, invocando conversas “frequentes” que tem mantido com António Costa.
“Em relação à central nuclear de Almaraz, tenho falado muito sobre esse assunto com o primeiro-ministro, António Costa. O compromisso é transmitir toda a informação à sociedade portuguesa sobre o presente e o futuro” da central, declarou.
Já Emmanuel Macron começou por referir que França vai encerrar uma central nuclear junto à fronteira com a Alemanha, mas alegou que o seu país “não pode fechar centrais nucleares para abrir ou reabrir centrais a carvão ou para comprar gás ao estrangeiro”.
Tanto Macron, como Sánchez, invocaram questões de segurança energética e de custos para os consumidores e para as empresas para não entrarem num processo abrupto de encerramento de centrais nucleares.
O Presidente francês, porém, assumiu os compromissos de fechar todas as centrais a carvão do seu país até 2022 e de reduzir o peso e a dependência do nuclear no “mix” energético de França.
António Costa não se referiu à questão do nuclear, optando antes por salientar que Portugal “tem um nível de incorporação de renováveis muito significativo, com mais de 60% de produção”.
“No ano passado, tivemos mais de quatro dias consecutivos com abastecimento exclusivamente assegurado por energias renováveis. Este ano, em março, atingiu-se mesmo o recorde com 103% de energia renovável produzida relativamente ao consumo”, apontou.
António Costa afirmou depois que a estratégia nacional “passa pela capacidade de exportação das energias renováveis, tendo em vista reforçar o investimento e acelerar o desinvestimento nas centrais a carvão”.
“Queremos uma energia mais barata, mais limpa e mais segura. Por isso, os investimentos nas interligações energéticas são fundamentais”, considerou, numa alusão aos acordos de interligações energéticas já assinados com Marrocos, com Espanha (Galiza/Minho) e, agora, entre os dois países ibéricos e França.
“Só assim podemos ir criando um mercado que reduza o custo. Portugal tem condições excecionais para a energia hidráulica, solar e eólica. Felizmente, designadamente no solar, temos licenciado centrais sem subsidiação, porque os custos tecnológicos são atualmente bastante inferiores”, acrescentou.
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