A celebração do acordo, firmado no Congresso dos Deputados, a câmara baixa do parlamento espanhol, foi anunciada pelo jornal espanhol El País.
Segundo o diário, o primeiro-ministro e líder do PSOE, Pedro Sánchez, e o secretário-geral do partido de extrema-esquerda Unidas Podemos, Pablo Iglesias, alcançaram um acordo para formar um governo de coligação.
O jornal espanhol avança ainda que Pablo Iglesias assumirá funções de vice-presidência no novo governo e que no cerne do acordo estão dez eixos prioritários para a governação, sendo um deles "consolidar o crescimento e a criação de emprego".
Durante a conferência de imprensa onde ambos compareceram, Pedro Sanchéz anunciou que o acordo foi um "compromisso de ambas as formações" para "desbloquear a situação em Espanha", falando num "projeto político tão empolgante que supera qualquer desencontro dos últimos meses" e num "governo progressista, integrado por forças progressistas que trabalharão pelo progresso" e que "nasce com o objetivo de se abrir a outras forças".
Já da parte da Unidas Podemos, Pablo Iglesias falou num acordo nascido de uma "necessidade histórica" que "combina a experiência do PSOE com a coragem da Unidas Podemos" e que Sanchéz pode contar com a sua "lealdade".
"O que foi impossível durante seis meses, desbloqueou-se em menos de 48 horas", escreve o El País, referindo-se ao impasse político que impediu a formação de governo depois das eleições em 28 de abril e forçou a convocatória de um novo processo eleitoral.
As eleições foram convocadas em setembro pelo rei de Espanha, depois de constatar que o primeiro-ministro socialista em funções, Pedro Sánchez, não conseguiu reunir os apoios suficientes para voltar a ser investido no lugar.
Os resultados do novo plebescito anteviam uma tarefa ainda mais complicada para Sánchez, já que o PSOE voltou a ganhar sem ganhou maioria absoluta, conseguindo apenas 120 deputados, menos três do que nas eleições anteriores. Por outro lado também a Unidas Podemos perdeu lugares e votos, ficando com 35 deputados (antes 42).
Com a perda de lugares, antevia-se um trabalho ainda mais árduo na formação de governo dada a incapacidade do PSOE e da Unidas Podemos de se entenderem ao longo dos últimos meses, mas desta vez tudo indica que terão mesmo posto as suas diferenças de parte. Esta solução vai de encontro à previsão de vários analistas que apontaram para a formação de um Governo entre partidos da esquerda para acabar o impasse.
Contudo, mesmo com a celebração deste pré-acordo — que a confirmar-se será o primeiro a ocorrer nestes moldes desde o regresso do regime democrático — o PSOE e a Unidas Podemos os dois não têm deputados suficientes para assegurar uma maioria parlamentar. São necessários 175 e as duas forças contam apenas com 155 em conjunto, necessitando de assegurar apoios de outros partidos.
Parte da razão para a celeridade como que se celebrou este pré-acordo prende-se também com o crescimento da direita e da extrema-direita no parlamento espanhol. O segundo partido mais votado foi o PP, com 87 deputados (antes tinha 66), seguindo-se o Vox, que passa a ser a terceira força política em Espanha depois de mais do que duplicar a sua representação parlamentar, passando de 24 para 52 deputados. Em sentido oposto, o Cidadãos elegeu apenas 10 representantes, quando antes tinha 57.
Pedro Sánchez apelou, no discurso de vitória no domingo à noite, a “todos os partidos” para que atuem “com responsabilidade e generosidade” para desbloquearem o impasse político em Espanha, assegurando que pretende formar um Governo “progressista”.
“Ganhámos as eleições e a partir de amanhã [segunda-feira] vamos trabalhar para esse Governo progressista do PSOE”, concluiu Sánchez num pequeno discurso perante cerca de 200 militantes e apoiantes do PSOE reunidos em frente à sede nacional do partido, em Madrid.
[Notícia atualizada às 13:31]
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