Os diplomas hoje discutidos no plenário da Assembleia da República pretendiam alterar a lei que foi revista em 2006, desburocratizando e facilitando a atribuição de nacionalidade portuguesa a cidadãos nascidos em solo luso ("jus soli"), para além de simplificar os processos de naturalização.
O tom mais crítico às propostas partiu da bancada do CDS-PP, pela voz da deputada Vânia Dias da Silva, que recordou que é a terceira vez este ano que se discute a lei no parlamento e lançou críticas aos diplomas.
Para Vânia Dias da Silva, ao impor o critério do "jus soli" está a ir-se “ao arrepio da tradição portuguesa e ao arrepio do caminho que se tem seguido em toda a Europa".
"Isto é absolutamente irresponsável e é isto que vem dando azo a populismos que se veem por essa Europa fora e que os senhores pura e simplesmente ignoram", criticou.
Pelo BE, o deputado José Manuel Pureza considerou que a questão é muito importante, explicando que, por isso, os bloquistas apresentaram em fevereiro um projeto de lei para que se consagrasse que cada pessoa que nasce em Portugal, é português.
O deputado do BE anteviu que, na discussão na especialidade, haverá lugar para uma "convergência máxima", apesar das propostas dos partidos terem todas aspetos positivos e negativos.
Contudo, acrescentou, nenhum dos três projetos de lei do PS, PCP e PAN dão o passo que os bloquistas consideram fundamental, que é a nacionalidade automática por nascimento em solo luso.
A apresentação das linhas fundamentais da proposta socialista foi feita por Pedro Delgado Alves, que considerou que apesar dos passos muito importantes dados em 2006, decorridos mais de dez anos é necessário "fazer uma reflexão profunda" com o objetivo de reforçar os direitos destes cidadãos, fazer um esforço de desburocratização e simplificação dos processos e corrigir as insuficiências existentes.
"Estamos abertos para conversar com todos os grupos parlamentares. Apesar de não concordamos com tudo o que é posto em cima na mesa, todos temos o mesmo propósito", destacou o socialista.
Já António Filipe, do PCP, defendeu que agora é o tempo de refletir sobre a experiência positiva da alteração da Lei da Nacionalidade em 2006 e "poder dar um passo em frente em matéria de ‘jus soli'".
“O que move os comunistas é que quem vive em Portugal, quem tem cá os seus filhos, estes devem ser portugueses”, disse, criticando o PS por não ir tão longe e defendendo a necessidade de acabar com obstáculos artificiais no processo de naturalização.
Pelo PAN, o deputado único André Silva defendeu que "representando o casamento e a união de facto vínculos caracterizados pela durabilidade e estabilidade de ligações sustentadas a Portugal, deve um casamento ou união de facto que tenha a duração mínima de cinco anos consubstanciar um fator de concessão de nacionalidade imediata sem a observância de demais pressupostos".
O deputado do PSD José Silvano considerou que, tendo em conta os argumentos apresentados pelos partidos proponentes, a legislação em vigor é favorável e, portanto, deve ser estabilizada, para que não se corram riscos.
"É preciso ponderação e equilíbrio nas alterações que se querem fazer a esta legislação", defendeu, afirmando que o PSD está potencialmente de acordo com a remoção de obstáculos burocráticos.
Comentários