“Há muitas coisas que a Polícia de Nova Iorque fez bem, especialmente o seu nível de restrição. Mas também houve erros que precisam de ser investigados minuciosamente. Por isso, nomeei duas pessoas para liderar a investigação e solicitei que apresentassem resultados rápidos de uma avaliação de todos os atores nestes dias de protestos”, afirmou o presidente da Câmara, Bill de Blasio, em conferência de imprensa.

Por sua parte, o governador do Estado de Nova Iorque, Andrew Cuomo, disse que alguns vídeos dos incidentes de sábado que foram difundidos “são francamente inexplicáveis”, referindo-se ao incidente publicado nas redes sociais de dois carros da polícia que atropelaram um grupo de 30 jovens manifestantes.

“Pedi à Procuradora Geral [do Estado de Nova Iorque, Letitia James], que é uma oficial independente, para rever as ações da polícia nas noites de sábado e sexta-feira”, apontou Cuomo, que quer ter os resultados das investigações em 30 dias.

“As pessoas merecem respostas e merecem uma prestação de contas”, prosseguiu, admitindo que o trabalho dos polícias nos protestos é complicado, mas que os vídeos são “muito, muito, muito inquietantes”, e assegurando que vai “haver consequências” se as conclusões provarem “comportamentos inapropriados”.

De Blasio nomeou os vereadores Jim Johnson e Margaret Garnett para levar a cabo investigações sobre os eventos ocorridos neste sábado, entre os quais destacou o incidente dos dois carros da polícia, outro de um polícia que retirou a máscara a um manifestante que tinha as mãos ao alto para evitar levar com gás pimenta na cara.

“Claramente ontem [sábado] vi momentos preocupantes em termos de como a polícia geriu as coisas e há que fazê-lo melhor. Não quero voltar a ver isso nunca mais e é claro que é preciso fazer uma investigação completa e observar as ações desses polícias”, acrescentou.

Depois de três dias de grande agitação em Nova Iorque, o autarca reconheceu que “há grandes mudanças que têm de ser feitas” na polícia, mas recordou também que nos últimos anos têm sido levadas a cabo reformas, “um movimento para a frente” que tem de continuar.

Entre os aspetos formais que precisam de ser alterados em relação à aplicação da lei, destacou a lei 50 A do estado de Nova Iorque, que dá um caráter confidencial aos arquivos sobre polícias, que não podem ser publicados ou sujeitos a uma revisão, nem investigação.

“Tal e qual como está agora, inibe a transparência e destrói a confiança entre a polícia e a comunidade”, destacou de Blasio, concordando com a iniciativa anunciada por Cuomo que pretende anular essa legislação.

Apesar da promessa de investigações e reformas, ambos os políticos expressaram a rejeição à violência perpetrada por alguns manifestantes em Nova Iorque, que levou a mais de 350 detenções, 33 polícias feridos e 37 veículos danificados, apenas na noite de sábado.

“Quando és violento isso cria um bode expiatório de culpa. Isso permite que o presidente dos Estados Unidos [Donald Trump] escreva sobre pilhagens em vez de um assassinato às mãos de um polícia”, afirmou Cuomo, acrescentando que “queimar a própria casa não funciona e nunca fez sentido”

“Se as pessoas vêm cá incitar violência, isso vai afetar-nos a todos. Sejamos claros, um ataque a um agente da polícia é um ataque a todos nós”, sublinhou de Blasio.

Depois de três dias consecutivos de protestos em Nova Iorque, espera-se que esta noite traga mais manifestações em vários pontos da metrópole, entre eles Bryant Park, em Manhattan, e o Barclays Center, em Brooklyn, local das cenas mais violentas nos últimos dias.

Na origem dos protestos está a morte do afro-americano George Floyd, de 46 anos, às mãos da polícia na passada segunda-feira, depois de ter sido detido sob suspeita de ter tentado usar uma nota falsa de 20 dólares (18 euros) num supermercado de Minneapolis, no estado de Minnesota.

Nos vídeos feitos por transeuntes e difundidos ‘online’, um dos quatro agentes, que participaram na detenção, tem um joelho sobre o pescoço de Floyd, durante mais de oito minutos.

Os quatro foram já despedidos da força policial e um deles, o que prendeu George Floyd, foi acusado de homicídio involuntário.

No sábado à noite, registaram-se confrontos entre manifestantes e polícias que abalaram as principais cidades dos Estados Unidos, colocadas sob recolher obrigatório, na sequência da morte do afro-americano George Floyd.

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