Tudo se passou como esperado, depois de analisada a semana passada a situação da pandemia em Portugal, em especial o índice de transmissibilidade (Rt) do vírus SARS-CoV-2 e a taxa de incidência de novos casos de covid-19: hoje, 5 de abril, assistiu-se a mais um passo no plano de desconfinamento.

Como previsto, os alunos dos 2.º e 3.º ciclos retomaram as aulas presenciais — bem como as Atividades de Tempos Livres — , reabriram os centros de dia, os equipamentos para deficientes e as esplanadas, mas com grupos limitados a um máximo de quatro pessoas.

Esta nova etapa trouxe também o fim do postigo para lojas com porta para a rua com menos de 200 metros quadrados, o regresso aos ginásios — sem aulas em grupo — e as feiras e mercados passaram também a poder vender mais do que produtos alimentares.

Além disso, a partir de hoje, e durante a próxima quinzena, a proibição da circulação entre concelhos no continente português deixa de estar em vigor, mantendo-se encerrada a fronteira terrestre entre Portugal e Espanha.

Com tudo isto, parece que a normalidade possível está a regressar à vida dos portugueses. Todavia, pode não ser bem assim em todo o país, nas próximas semanas.

O boletim de hoje, que traz os números associados à pandemia, veio mostrar que o índice de transmissibilidade (Rt) em Portugal subiu hoje para 1 no continente, enquanto a incidência desceu para 60,9 casos por 100 mil habitantes nos últimos 14 dias. Olhando para a matriz de risco (ou "semáforo" do desconfinamento), percebe-se que o caminho se começa a fazer para os tons amarelos, o que pode vir a travar os próximos passos previstos.

Neste sentido — e mais uma vez olhando para os números —, vinte e seis concelhos estão acima do limiar de risco de incidência da covid-19, podendo não avançar no desconfinamento caso a situação se mantenha na próxima avaliação do governo: Alandroal, Albufeira, Lagoa, Machico, Portimão, Ribeira Brava, Ribeira de Pena, Rio Maior, Santa Cruz, Beja, Borba, Câmara de Lobos, Carregal do Sal, Marinha Grande, Moura,  Soure, Cinfães, Figueira da Foz , Figueiró dos Vinhos, Funchal, Odemira, Penela, Ponta Delgada, Ponta do Sol, Vila do Bispo e Vimioso.

Marcelo Rebelo de Sousa reforçou hoje a mensagem que vem sendo habitual: os próximos passos dependem de cada um dos portugueses e a retoma das atividades escolares é uma "nova primavera", sendo por isso necessário "um esforço nacional de todos para todos" para se evitar um recuo nesta reabertura progressiva.

"Isto é feito dia a dia, permanentemente", disse. "Nós todos queremos que o processo de abertura das escolas continue, [que a] abertura da atividade económica continue e a abertura da sociedade continue".

No fim de contas, o país está de olhos postos no futuro. E há uma pergunta que também se impõe, deixada por Francisco Sena Santos, cronista do SAPO24: "Queremos mesmo voltar à vida que tínhamos em janeiro de 2020, antes de tudo ficar transtornado pela pandemia?"

Os parâmetros para esta análise são vários, começando na questão do teletrabalho e terminando na qualidade de vida nas cidades, envolvendo questões como o turismo, o ruído e os transportes.

Porque o desconfinamento e o dizer adeus (a seu tempo) à pandemia vai implicar uma série de coisas. Vamos pensar nisso?