“Tenho o prazer de anunciar que os Estados Unidos vão concorrer a um assento no Conselho de Direitos Humanos para o mandato 2022-2024″, afirmou Blinken, durante uma intervenção por videoconferência feita naquele organismo das Nações Unidas.
“Pedimos humildemente que todos os Estados-membros das Nações Unidas apoiem o nosso desejo de voltar a ocupar um lugar nesta instituição”, acrescentou.
A administração Trump anunciou, em junho de 2018, que ia abandonar a instituição, que constitui o órgão máximo da ONU no campo da defesa dos direitos humanos, acusando-a de hipocrisia e de prejudicar Israel.
“Os Estados Unidos colocam a democracia e os direitos humanos no centro de sua política externa, porque são essenciais para a paz e a estabilidade”, justificou Blinken.
“Esta ligação está enraizada na nossa própria experiência de uma democracia imperfeita e, muitas vezes, aquém dos nossos próprios ideais, mas que tenta sempre tornar-nos um país mais unido, mais respeitoso e mais livre”, adiantou em declarações que contrastam com a posição seguida pelo seu antecessor, Mike Pompeo.
Embora Blinken tenha elogiado a utilidade do Conselho e sublinhado a sua importância, em particular para chamar rapidamente a atenção para as crises, o diplomata norte-americano aconselhou os membros do organismo a repensarem o seu funcionamento.
“Encorajamos o Conselho de Direitos Humanos a examinar a forma como funciona, incluindo a atenção desproporcional dada a Israel”, alertou, sugerindo tratar Israel e os territórios palestinianos como qualquer outro país.
Além disso, defendeu, os países “que têm um mau histórico de direitos humanos não deveriam ser membros deste Conselho”.
A China, a Rússia, mas também a Venezuela, Cuba ou mesmo os Camarões, a Eritreia e as Filipinas são regularmente criticados por organizações de direitos humanos e outros países pela forma como tratam seus cidadãos.
Blinken criticou especificamente a Rússia pelo tratamento dado aos que se opõem ao Kremlin, citando Alexei Navalny, mas também denunciou as “atrocidades” cometidas por Pequim na região de Xinjiang e a situação em Hong Kong.
O responsável pelos Negócios Estrangeiros dos Estados Unidos lembrou ainda que os Estados Unidos marcaram seu retorno ao Conselho dos Direitos Humanos ao condenar o golpe de Estado em Myanmar (antiga Birmânia).
A estratégia do ex-Presidente norte-americano de deixar “vazia” a cadeira dos Estados Unidos — devido a uma desconfiança visceral no multilateralismo — criou um vácuo no Conselho dos Direitos Humanos, mas também na Organização Mundial da Saúde, por exemplo – que foi rapidamente ocupado pelas diplomacias chinesa e russa.
O Conselho dos Direitos Humanos tem 47 membros de pleno direito eleitos pela maioria dos Estados da Assembleia Geral da ONU para um mandato de três anos, enquanto os restantes países mantêm estatuto de observadores.
Os Estados Unidos são o único membro permanente do Conselho de Segurança da ONU que não tem assento na atual sessão do Conselho de Direitos Humanos, que começou esta semana.
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