O incidente ocorreu no sábado, quando o contratorpedeiro USS Chung-Hoon e a fragata canadiana HCS Montreal realizavam o que os EUA designam como “operação de liberdade de navegação”, entre a ilha de Taiwan e a China continental.
A China reivindica Taiwan como uma província sua e defende que o Estreito é parte da sua zona económica exclusiva, enquanto os EUA e os países aliados navegam regularmente e sobrevoam o espaço aéreo, para enfatizar a sua noção de que se trata de águas internacionais.
Durante a passagem no sábado, o contratorpedeiro chinês de mísseis guiados ultrapassou o Chung-Hoon a bombordo e desviou-se na sua proa a uma distância de cerca de 137 metros, de acordo com o Comando para o Indo-Pacífico dos EUA.
O contratorpedeiro norte-americano manteve o seu curso, mas reduziu a velocidade para 10 nós “para evitar uma colisão”, disseram os militares.
As imagens divulgadas hoje mostram o navio chinês a cortar o curso do contratorpedeiro norte-americano e a endireitar-se, para começar a navegar numa direção paralela.
O Comando para o Indo-Pacífico disse que as ações violaram as regras marítimas de passagem segura em águas internacionais.
O navio chinês não tentou uma manobra semelhante na fragata canadiana, que navegava atrás do contratorpedeiro norte-americano.
“O trânsito do Chung-Hoon e do Montreal pelo Estreito de Taiwan demonstra o compromisso conjunto dos EUA e do Canadá com um Indo-Pacífico livre e aberto”, afirmou o Exército norte-americano, em comunicado. “Os militares dos EUA voam, navegam e operam com segurança e responsabilidade em qualquer lugar permitido pela lei internacional”, acrescentou.
Os EUA recentemente acusaram a China de realizar também uma “manobra desnecessariamente agressiva” no ar, sobre o Mar do Sul da China.
Um caça chinês, modelo J-16, é visto num vídeo difundido pelo Pentágono a voar nas proximidades de um avião norte-americano, um RC-135, que é normalmente utilizado para vigilância. O piloto chinês posicionou-se então bem à frente do RC-135, que foi forçado a voar através da turbulência provocada pelo caça chinês.
A China reivindica quase todo o Mar do Sul da China, apesar dos protestos dos países vizinhos. Os EUA também não reconhecem as reivindicações de Pequim sobre um território marítimo estratégico, através do qual passam cerca de cinco biliões de dólares (cerca de 4,68 biliões de euros) em comércio internacional todos os anos.
O incidente no Estreito de Taiwan ocorreu no mesmo dia em que o secretário da Defesa dos EUA, Lloyd Austin, e o ministro da Defesa da China, o general Li Shangfu, participam em Singapura no mais importante evento sobre segurança da região Ásia — Pacífico, o Diálogo de Shangri-La.
No domingo, Li acusou os EUA e os seus aliados de criarem perigos e de tentarem provocar a China, com as suas operações.
“O melhor é que os países, especialmente as suas embarcações de guerra e caças, não realizem operações de aproximação em torno dos territórios de outros países”, disse Li. “Qual é o sentido de irem para lá? Na China, dizemos sempre: ‘ Trata da tua vida que eu trato da minha'”, argumentou.
Pequim e Washington assinaram acordos para lidar com “eventos inesperados” entre as suas forças aéreas e navais, mas a comunicação entre os dois exércitos foi suspensa pela China, devido ao apoio militar e à venda de armas a Taiwan pelos Estados Unidos ou o abate de um alegado balão de espionagem chinês no espaço aéreo norte-americano.
Pequim rejeitou esta semana um encontro entre Austin e Li, em Singapura.
A China interceta frequentemente aviões e navios militares dos EUA e dos aliados nos mares do Sul e Leste da China e no Estreito de Taiwan.
Ações semelhantes resultaram num acidente aéreo, em 2001, sobre o Mar do Sul da China, entre um caça chinês e um avião de vigilância da Marinha dos EUA. O avião chinês ficou destruído e o piloto morreu.
O avião danificado dos EUA pousou numa base da força aérea da marinha chinesa, levando à detenção da tripulação e a um impasse diplomático entre os dois países.
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