Tudo começou quando Mike Pompeo deu uma entrevista à rádio pública NPR. Grande parte da discussão foi sobre o acordo com o Irão, mas a jornalista Mary Louise Kelly terminou a entrevista perguntando a Pompeo sobre a relação dos EUA com a Ucrânia.
Os democratas acusaram Donald Trump de abusar do seu cargo para pressionar Kiev a investigar Joe Biden, possível oponente do líder norte-americano nas eleições presidenciais a 3 de novembro.
Pompeo, um colaborador próximo de Trump, foi acusado de não defender pessoalmente Marie Yovanovitch, ex-embaixadora norte-americana na Ucrânia. A diplomata foi chamada abruptamente para retornar ao país na primavera passada, depois de ter sido submetida a uma campanha liderada por Rudy Giuliani, advogado pessoal do presidente.
"Acha que deve desculpas à embaixadora Marie Yovanovitch?", perguntou Kelly ao secretário de Estado. Seguiu-se uma troca tensa, na qual Pompeo disse que havia "defendido todos os funcionários do Departamento de Estado", enquanto Kelly perguntava, em vão, quando e se defendeu Yovanovitch publicamente.
A entrevista acabou abruptamente. "Eu disse tudo o que deveria dizer hoje. Obrigado", disse Pompeo no final .
A história, porém, não terminou aí. Kelly contou o que aconteceu depois num programa da NPR na passada sexta-feira à noite. A jornalista disse que agradeceu ao secretário pela entrevista, que não lhe respondeu, mas se inclinou e a encarou antes de sair da sala.
De seguida, um membro de sua equipa convidou Kelly a dirigir-se para a sala privada de Pompeo, sem o gravador. Pompeo "estava à minha espera e... gritou comigo pelo mesmo tempo que durou a entrevista", disse Kelly, acrescentando que o secretário de Estado "não estava contente por ter sido questionado sobre a Ucrânia". Além disso, acrescentou, o secretário perguntou-lhe: "Acha que os norte-americanos querem saber da Ucrânia?", enquanto soltava palavrões.
Pompeo também pediu ao seus conselheiros que trouxessem um mapa sem as marcas dos países para provar se Kelly sabia onde a Ucrânia estava localizada. "Apontei para a Ucrânia e ele largou o mapa", disse a jornalista.
Num comunicado neste sábado, o secretário de Estado acusou Kelly de lhe mentir duas vezes. A primeira, disse sem explicação, foi "para marcar a nossa entrevista", já a segunda foi por ter revelado estes dados publicamente pois a "conversa" após a entrevista era "off the record".
"É uma vergonha que esta jornalista decida violar as regras básicas do jornalismo e decência. Este é outro exemplo de como os media ficaram desarticulados nos suas tentativas de prejudicar o presidente Trump e este governo", afirmou Pompeo.
Pompeo sugeriu ainda que Kelly não identificou a Ucrânia no mapa. "Vale a pena notar que o Bangladesh NÃO é a Ucrânia".
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