O juiz Dana Sabraw deliberou a favor da União Americana de Direitos Cívicos (UCLU, na sigla em inglês), que instaurou uma ação em março, envolvendo uma criança congolesa de sete anos e uma outra brasileira separadas das suas respetivas mães.

Dana Sabraw decretou também uma providência cautelar a nível nacional que acautelasse futuras separações familiares.

“Vão ser derramadas lágrimas nos centros de detenção por todo o país quando as famílias souberem que vão voltar a estar juntas”, disse o advogado da UCLU, Lee Gelernt.

Mais de 2.300 crianças imigrantes foram separadas dos seus pais depois da administração Trump adoptar uma política de "tolerância zero" no início de maio, procurando desta forma demover pessoas de tentar entrar ilegalmente nos Estados Unidos.

"Os factos apresentados ao tribunal retratam uma resposta de governação reativa para endereçar uma situação caótica criada pelo próprio governo", determinou Sabraw.

Assim, o juiz ordenou às autoridades que procedam à reunião de pais e filhos com menos de cinco anos no espaço de 14 dias, e de pais e filhos de cinco anos ou mais no espaço de 30 dias. O juiz exigiu ainda que seja providenciado contacto telefónico entre os pais e as crianças até aos 10 anos.

A decisão tem lugar depois de dezassete estados norte-americanos, incluindo Nova Iorque e Califórnia, terem processado a administração Trump para obrigar à reunião familiar dos milhares de crianças imigrantes que foram separadas dos pais na fronteira.

As autoridades mantém 2.047 crianças que foram retiradas aos pais no âmbito da “tolerância zero” aos imigrantes ilegais, segundo informações avançadas terça-feira pelo secretário da Saúde dos Estados Unidos.

Em relação à passada quarta-feira, dia em que o presidente norte-americano, Donald Trump, anunciou que iria suspender a medida, houve apenas uma redução de seis crianças sob custódia dos serviços de saúde.

“Cruel, clara e simples” foram os adjetivos usados pelo procurador-geral de Nova Jersey, Gurbir Grewal, para classificar a atuação do governo sobre estes casos. “Não nos podemos esquecer: as vidas de pessoas reais estão em jogo”, afirmou o responsável.

Além de separarem as famílias que são apanhadas a tentar atravessar ilegalmente a fronteira, há vários relatos de crianças que são enviadas para lugares que ficam a milhares de quilómetros de distância dos seus pais.

Os estados, todos liderados por procuradores-gerais democratas, juntaram-se a Washington, para avançar com a ação judicial, argumentando que estão a ser forçados a arcar com o aumento dos custos de assistência social, educação e serviços sociais.

Donald Trump anunciou na passada quarta-feira a suspensão da sua política de “tolerância zero”, mas parece ser uma decisão temporária, tendo em conta as declarações do comissário da Proteção das Fronteiras e Alfândegas, Kevin McAleenan, que esta semana reconheceu que as autoridades tinham abandonado, “por agora”, a medida.

Também o secretário da Justiça, Jeff Sessions, veio defender a separação das famílias, durante um discurso no Estado do Nevada, no qual afirmou que muitas crianças são trazidas para a fronteira por membros de gangues violentos.