“De forma irresponsável e sem legitimidade de qualquer ordem massacram a realidade, moldando-a aos vossos interesses. Alimentam a destabilização do país, em prejuízo do povo venezuelano e das comunidades de emigrantes, como a portuguesa que ali reside. Falam numa crise humanitária, que organizações como a ONU rejeitam. Falam de violência, omitindo a brutalidade das ações de uma oposição responsável pela morte de dezenas de pessoas. Clamam por diálogo, mas com a postura neocolonialista de permanente ingerência e agressão a um país soberano, prática aliás comum nesta casa”, acusou o eurodeputado comunista, no Parlamento Europeu.
Na sua intervenção na sessão do Parlamento Europeu (PE), em Estrasburgo (França), diante da chefe da diplomacia europeia, Federica Mogherini, João Lopes defendeu que as instituições comunitárias não poderão mudar a realidade de que “o povo venezuelano afirmou claramente nas últimas três eleições de apoio à revolução bolivariana”.
O deputado do PCP foi o único dos eurodeputados portugueses que intervieram na sessão a discordar da política seguida pela UE, que, aprovou, em 22 de janeiro, em Bruxelas, sanções contra sete altos funcionários do Governo do Presidente Nicolás Maduro, por alegadas violações dos direitos humanos.
“Nós temos obrigação de condenar claramente e sem qualquer reservas este tipo de regime, que é um regime liberticida, que desrespeita direitos humanos, que é um regime ditatorial. Apesar disso, é evidente que estando a decorrer um processo negocial, por mais ínfimas as possibilidades de ter sucesso, temos de manter até ao último momento uma luz de esperança de que tenha sucesso”, afirmou o socialista Francisco Assis, recomendando que o PE esteja atento ao que se passa na Venezuela.
Também Carlos Zorrinho (PS) apelou à manutenção do diálogo, uma medida complementada pela mobilização da comunidade internacional e, sobretudo, dos países vizinhos “para pressionar a Venezuela a restabelecer a normalidade democrática e criar condições para a realização de um processo eleitoral livre e transparente”.
“A antecipação da data das eleições presidenciais para 2018 e a exclusão da mesa Unidade Democrática deste ato eleitoral constituem mais um episódio desta já longa trágico-comédia que visa consolidar o perfil ditatorial do regime e perpetuar ilegitimamente Nicolas Maduro no poder”, realçou o eurodeputado do Partido da Terra.
Perante a gravidade da crise humanitária na Venezuela, José Inácio Faria exortou o PE a tomar medidas “mais enérgicas contra o governo que oprime o povo venezuelano”.
Fernando Ruas, do PSD, mostrou-se apreensivo para a deriva de crise venezuelana para uma crise humanitária, agravada pela hiperinflação, e deixou uma palavra de solidariedade para “a forte comunidade de emigrantes europeus que trabalham na Venezuela”, nomeadamente a portuguesa.
“Solicitamos apenas que continuem a fazer tudo o que seja possível para ajudar todos aqueles que acreditam no futuro desse grande país”, disse, dirigindo-se a Mogherini.
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