”É a favor ou não da institucionalização da eutanásia?”, perguntou Assunção Cristas na abertura da sua intervenção no debate quinzenal com o primeiro-ministro, no parlamento, a menos de uma semana da discussão dos quatro projetos de lei do PAN, BE, PS e PEV sobre o tema.
António Costa respondeu, uma e outra vez, que não cabe ao primeiro-ministro pronunciar-se: “Ficar-me-ia muito mal que me intrometesse num debate que está em curso.”
“Ficaria muito mal intrometer-me num debate que está a decorrer” na Assembleia da República, insistiu, dizendo ainda que não é seu hábito comentar a atuação do Presidente ou dos tribunais.
A líder do CDS-PP alertou que o debate de terça-feira, sobre os projetos da morte medicamente assistida, é um tema “absolutamente incontornável” e um “debate importante para a sociedade portuguesa”.
“Já nos vamos habituando a essa sua forma de fugir a questões difíceis”, afirmou Cristas, para quem não se pode “deixar as pessoas na ignorância” sobre o que pensa António Costa, “líder do PS, primeiro-ministro e político”.
Depois da réplica e da insistência da líder e deputada centrista, o primeiro-ministro e secretário-geral do PS não foi além daquela resposta, com variantes de linguagem.
E Assunção Cristas usou um tom irónico ao dizer que, comparando com o investimento nos cuidados paliativos, “certamente que instituir a eutanásia fica mais barato”.
Da bancada do PS e do BE ouviram-se protestos, como de Mariana Mortágua e José Manuel Pureza, que gritou “vergonha”.
António Costa ainda rematou esta parte do debate dizendo que o “Governo cumprirá todas as leis que forem aprovadas pela Assembleia da República, sejam elas quais forem”.
Como já fizera nas jornadas parlamentares do partido, na segunda e na terça-feira, em Viana do Castelo, a líder do CDS-PP voltou a criticar que o Serviço Nacional de Saúde (SNS) possa vir a ser utilizado para praticar a eutanásia se os projetos de lei forem aprovados.
A líder do CDS-PP foi a única deputada a levantar a questão da eutanásia, que irá ser debatida no parlamento, em 29 de maio, no dia em que foi noticiado, pelo DN, citando fonte partidária, que o PCP vai votar contra os projetos.
De resto, Cristas insistiu nas críticas na área da saúde, dizendo que há hoje 70 mil pessoas em listas de espera para consultas e acusando o executivo de pôr a “saúde doente”.
“Ficou pior do que nos tempos da ‘troika’”, acusou.
A resposta de Costa foi com números, afirmando que há hoje mais médicos, mais técnicos no SNS, e concluindo com uma tirada: “[O setor da saúde] está a ser curado da doença que vossas excelências lhe introduziram.”
[Notícia atualizada às 17:40]
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