A medida já foi aprovada pelo executivo camarário que ainda não tem estipulado o valor definitivo do investimento, mas informa que o processo envolve "poucos proprietários" e deverá ficar fechado "em breve".

"O que queremos é garantir espaço para ampliar o parque onde está situado o Castro e dar início a novas escavações no local, porque, segundo indicam os nossos técnicos, há lá mais vestígios para pôr a descoberto", declarou à Lusa o presidente da autarquia, Emídio Sousa.

Classificado como Imóvel de Interesse Público desde 1945, o Castro de Romariz foi edificado durante o século VI a.C. e é descrito pela Direção-Geral do Património Cultural (DGPC) como "um dos escassíssimos povoados identificados na região outrora ocupada pelo Túrdulos".

Originariamente, no período final da Idade do Bronze, o povoado seria constituído por um conjunto de cabanas "no interior das quais existia uma lareira, a única construída com materiais não perecíveis", e só mais tarde, após a romanização do território, a aldeia passou a evidenciar construções perenes.

Isso terá ajudado a que, na época contemporânea, aí se tenha encontrado "um vasto espólio móvel da segunda Idade do Ferro", o que, de acordo com a DGPC, "atesta bem os prolongados contactos que a população manteve ao longo dos tempos com realidades culturais exógenas, com especial relevo para os derivados do Mediterrâneo Oriental".

Da ligação a esses circuitos resultou que em Romariz foram preservados vestígios de artefactos como algumas ânforas de origem púnica datáveis do século V a.C., um fragmento de cerâmica grega atribuída ao século IV a.C e diversas contas de pasta vítrea.

"Também em relação a este povoado se pondera a provável existência de práticas funerárias levadas a efeito no interior das próprias habitações e mais tarde transpostas para um espaço especialmente selecionado para o efeito no âmbito do recinto familiar", nota a DGPC.

De acordo com o descritivo, "esta religiosidade manifestada ao nível do culto doméstico parece adquirir alguma consistência com a presença de mesas, que, na opinião de certos autores, teriam finalidades sacrificiais e litúrgicas, possivelmente conduzidas pelo ‘pater familias', enquanto repositório vivo das ancestrais tradições que conferiam a indispensável coesão interna e emocional à comunidade".

A gestão do Castro de Romariz está entregue ao Museu Convento dos Loios, sendo que a visita ao local só é permitida mediante reserva prévia através dessa instituição ou da associação cultural "Voltado a Poente", que vem colaborando com a anterior no acompanhamento do público ao recinto protegido.