“Temos duas frentes ativas relativamente a este incêndio, na zona alta da Encumeada, por cima da Estalagem da Encumeada [Ribeira Brava], e na zona do Paul da Serra [Ponta do Sol], que está a descer a encosta em direção à ribeira da Tabua”, disse António Nunes.

Em declarações à agência Lusa, o responsável explicou que a frente de fogo na Ponta do Sol “apresenta algumas preocupações”.

“Nós temos neste momento uma equipa no terreno a fazer a avaliação de qual é a melhor metodologia de atacar o incêndio, nesta área em concreto, inclusive o helicóptero descolou para fazer um reconhecimento, para ter uma noção mais correta do que é que está a acontecer, para dispor os operacionais de forma a que a gente possa debelar isto o mais rapidamente possível”, referiu.

Apesar de o fogo não ameaçar casas, foram posicionados meios junto a residências na ribeira da Tabua.

António Nunes indicou que o combate às duas frentes envolve, no total, 168 operacionais, sendo 77 de corporações de bombeiros da Madeira, 76 da força conjunta da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil que chegaram à Madeira na madrugada de domingo, e 15 operacionais disponibilizados pela Região Autónoma dos Açores, que chegaram no início da madrugada de hoje.

O dispositivo inclui também 48 viaturas.

Apesar de o tempo continuar muito quente na Madeira, o vento baixou de intensidade, situação que o presidente da Proteção Civil destaca como favorável para combater o fogo.

“A temperatura não baixou significativamente, mas o vento acalmou muito, o que para nós é uma notícia muito bem-vinda, porque realmente o vento é um dos fatores que faz com que o fogo se propague mais e que tenha as projeções que são muito inconvenientes”, disse.

Desde o dia 14 de agosto (quarta-feira), mais de 500 profissionais, incluindo 400 bombeiros e 120 polícias florestais, foram destacados de forma rotativa para combater o incêndio rural que deflagrou na Serra de Água, no concelho da Ribeira Brava, e se estendeu aos municípios de Câmara de Lobos e Ponta do Sol, segundo a Proteção Civil do arquipélago.

Pelo menos 160 pessoas foram retiradas das suas habitações devido ao incêndio, tendo sido instalados em equipamentos públicos, mas muitas já regressaram ou estão a regressar a casa.

No domingo, numa conferência de imprensa para balanço da situação, o presidente do Governo Regional da Madeira (PSD), Miguel Albuquerque, refutou as críticas à atuação do executivo no combate ao incêndio, destacando o facto de não haver vítimas nem habitações afetadas.

“Nós não somos imunes às críticas, mas sabemos distinguir aquilo que são críticas racionais e credíveis daquilo que é folclore político para tirar dividendos da desgraça”, realçou.

Albuquerque sublinhou, por outro lado, que as pessoas retiradas das residências têm todas as “condições mínimas de conforto e estão acompanhadas do ponto de vista médico e social”.

“Foram retiradas tendo em vista razões de precaução, sobretudo para evitar a inalação de fumos”, afirmou o governante, realçando que “até agora não houve qualquer vítima a lamentar, não há qualquer habitação consumida pelo fogo, não houve qualquer destruição de infraestruturas essenciais”, inclusive a central elétrica da Serra de Água.

No concelho de Câmara de Lobos, as duas frentes nas freguesias do Curral das Freiras e do Jardim da Serra estão hoje controladas e praticamente extintas, conforme indicou à agência Lusa o presidente da autarquia, Leonel Silva.

De acordo com o autarca, durante o dia de hoje vai ser reavaliado o regresso das pessoas às suas casas na Fajã das Galinhas, sendo que os habitantes que foram retiradas no Curral das Freiras regressaram no domingo ao final do dia.

(artigo atualizado às 12h51)