Num comunicado divulgado hoje, a organização de direitos humanos afirmou que “polícias, soldados e outros homens armados não identificados atacaram e perseguiram dezenas de pessoas em Harare nos últimos dias, enquanto procuravam líderes da oposição.
O diretor para a África Austral da HRW, Dewa Mavhinga, disse hoje que estes incidentes levaram a cair “a fachada do respeito pelos direitos humanos e pela democracia que foi construída pelo Presidente” do Zimbabué, Emmerson Mnangagwa.
“O Governo precisa agir rapidamente para restaurar a sua integridade e o seu compromisso com o Estado de direito”, acrescentou o diretor da HRW.
De acordo com a HRW, grupos com quatro a dez soldados percorrem alguns dos subúrbios de Harare, espancando pessoas em bares e restaurantes, enquanto os acusavam de terem abandonado Mnangagwa, já que o principal candidato da oposição, Nelson Chamisa, teve a maioria dos votos na capital.
Também na noite de domingo, seis homens mascarados invadiram a casa de Happymore Chidziva, presidente da ala jovem do Chamisa, o Movimento para a Mudança Democrática (MDC).
De acordo com depoimentos recolhidos pela HRW, um dos homens apontou uma arma para a líder da ala jovem do MDC, enquanto outro a esbofeteava e chutava.
Naquela mesma noite, outro grupo de homens armados entrou na casa da deputada do MDC Mirriam Mushayi, mas os atacantes não a encontraram.
O porta-voz do Exército, Overson Mugwisi, negou envolvimento militar nesses atos.
Essa mesma tese foi defendida pelo ministro dos Negócios Estrangeiros, Sibusiso Moyo, que, durante reunião com embaixadores e organizações internacionais, descreveu a informação como “falsa” e disse que a intenção é “desinformar a população”.
Enquanto isso, a polícia do Zimbabué está a procurar nove líderes do MDC, incluindo o ex-ministro das Finanças Tendai Biti, para os interrogar por alegado incitamento dos seus seguidores a tomar parte em manifestações ilegais.
A polícia referiu-se nomeadamente aos protestos violentos da última quarta-feira.
Num primeiro momento, a polícia tentou controlar os manifestantes, mas depois pediu ajuda ao Exército, que interveio usando munição real e deixando um total de seis mortos.
Os resultados das eleições, anunciados na última quinta-feira, deram uma vitória no primeiro turno a Mnangagwa, que ocupa a Presidência desde a saída de Robert Mugabe em novembro de 2017, embora Chamisa e o MDC se recusem a aceitar este resultado, alegando que teria ocorrido fraude.
Os 27 opositores detidos na semana passada, na sequência da violência pós-eleitoral após o anúncio da vitória do atual Presidente, foram libertados hoje sob caução.
Os opositores foram detidos na quinta-feira durante uma busca da polícia nas instalações do MDC.
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