Freitas do Amaral teve de ser submetido a “uma intervenção urgente na coluna dorsal, no fim de semana passado, pelo que está em casa em repouso completo o que o impede de sair de casa e participar nas cerimónias fúnebres de hoje e de amanhã [terça-feira], respeitantes ao Dr. Mário Soares, o que muito lamenta”, lê-se na nota do gabinete de Freitas do Amaral enviada à Lusa.

Fundador do CDS, Freitas do Amaral foi candidato derrotado por Mário Soares nas presidenciais de 1986, mas de quem se tornou amigo.

A 14 de dezembro de 2016, um dia depois de Mário Soares ter sido internado no hospital da Cruz Vermelha, em Lisboa, onde viria a falecer no sábado passado, Freitas do Amaral recordou a amizade com o antigo Presidente da República e sublinhou a "admiração pelo muito que fez" por Portugal, mostrando-se triste com a situação de saúde "muito crítica".

"Sempre me tratou muito bem, desde 1974, quando tantas outras pessoas mais próximas me evitavam e algumas me chamavam fascista, ele acreditou sempre em mim e isso é uma coisa que eu nunca esqueci, apesar de termos tido as nossas divergências e até um confronto eleitoral, mas a amizade é muito superior a tudo isso. Não é só amizade, é admiração também pelo muito que ele fez pelo nosso país", disse.

O Governo português decretou três dias de luto nacional, até quarta-feira pela morte de Mário Soares, aos 92 anos.

O corpo do antigo Presidente da República está em câmara ardente no Mosteiro dos Jerónimos desde as 13:10 de hoje, depois de ter sido saudado por milhares de pessoas à passagem do cortejo fúnebre pelas principais ruas da capital com escolta a cavalo da GNR.

O funeral realiza-se na terça-feira, pelas 15:30, no Cemitério dos Prazeres, em Lisboa, após passagem do cortejo fúnebre pelo Palácio de Belém, Assembleia da República, Fundação Mário Soares e sede do PS, no Largo do Rato.

Nascido a 07 de dezembro de 1924, em Lisboa, Mário Alberto Nobre Lopes Soares, advogado, combateu a ditadura do Estado Novo e foi fundador e primeiro líder do PS.

Após a revolução do 25 de Abril de 1974, regressou do exílio em França e foi ministro dos Negócios Estrangeiros e primeiro-ministro entre 1976 e 1978 e entre 1983 e 1985, tendo pedido a adesão de Portugal à então Comunidade Económica Europeia (CEE), em 1977, e assinado o respetivo tratado, em 1985.

Em 1986, ganhou as eleições presidenciais e foi Presidente da República durante dois mandatos, até 1996.