“Estávamos a falar de uma parede com 97 metros de altura situada a oito quilómetros do centro de Amarante. Em caso de queda, e os acidentes acontecem, em 13 minutos teríamos a cidade submersa, incluindo o mosteiro de São Gonçalo”, disse o autarca à Lusa.

O ministro do Ambiente anunciou hoje no parlamento que a barragem de Fridão, no rio Tâmega, não será construída e que “não há razões para a restituição de qualquer montante” à EDP.

João Pedro Matos Fernandes falava hoje na Comissão Parlamentar de Ambiente, Ordenamento do Território, Descentralização, Poder Local e Habitação.

“A decisão relativa à barragem do Fridão está tomada”, disse o ministro, adiantando que o Ministério do Ambiente não encontra razão para construir nem para indemnizar a EDP.

Para o presidente da Câmara de Amarante, eleito pela coligação PSD-CDS-PP, a não construção é uma “grande notícia”.

José Luís Gaspar referiu que a jusante da barragem, a quatro quilómetros da cidade, seria construído um “embalse” para regularizar o caudal que teria “um impacto muito negativo” em termos ambientais, designadamente com o depósito de lixos e lamas.

“Desde esse embalse, que no fundo seria uma segunda barragem, até ao centro da cidade o rio ficaria interditado à fruição das pessoas, e confesso que essa era mesmo a minha grande dor de cabeça em relação à barragem”, disse ainda.

Segundo José Luís Gaspar, Amarante “levaria com tudo o que a barragem teria de negativo”.

“Seria muito, muito penoso”, rematou.

A barragem de Fridão, no rio Tâmega, consta há vários anos do Plano Nacional de Barragens, mas uma decisão definitiva sobre a construção daquele empreendimento hidroelétrico, que afeta vários concelhos (Amarante, Cabeceiras de Basto, Celorico de Basto e Mondim de Basto), vinha sendo sucessivamente adiada, num processo com avanços e recuos ao longo dos anos e vários governos.

No início da atual legislatura, o Governo decidiu suspender a construção do empreendimento, para proceder à sua reavaliação, período que terminou na quinta-feira.