A descentralização de competências, o impacto da inflação e da guerra da Ucrânia, bem como os aumentos com encargos sociais são alguns dos aspetos que explicam esta diferença de valores, conforme descreveu hoje, à agência Lusa, o presidente da autarquia, Eduardo Vítor Rodrigues.

“O resultado operacional é de cerca de 12 milhões de euros, em linha com o ano passado, mas desses 12 milhões, grande parte já estão alocados, daí esse valor de 1,8 milhões de euros de resultado líquido, ou seja de saldo completamente disponível”, disse o autarca.

Eduardo Vítor Rodrigues fez “um balanço positivo” das contas porque, disse, “não apresentam grandes lucros, mas o objetivo do município não é ter lucro. Conseguimos, num ano muito difícil, aumentar as dotações para dar resposta aos problemas sociais”, disse o autarca.

A título de exemplo, Eduardo Vítor Rodrigues destacou que o apoio ao arrendamento foi “duplicado”, o nível de investimento foi “mantido” e, “mantendo as contas no verde”, a Câmara de Gaia decidiu integrar “os aumento decorrentes da inflação”, nomeadamente no diz respeito à conta da água.

Já no relatório, a que a Lusa teve hoje acesso, lê-se que “outro desafio enfrentado e que levou a um enorme esforço financeiro é a descentralização de competências”.

“Integrámos, nos quadros do município, centenas de colaboradores, assumimos despesas e responsabilidades cujas contas esperamos vir a acertar, muito em breve, com o Governo central”, lê-se no relatório de atividades e conta de gerência de 2022.

Questionado sobre este dado, Eduardo Vítor Rodrigues referiu que “a descentralização veio impactar sobretudo nas despesas correntes”, o que “podia não ser preocupante se existisse a devida compensação na receita”.

“O problema é que há de facto uma diferença que acreditamos que venha a ser compensada. Ao fim do primeiro ano está prevista a apresentação de um balanço e, espero eu, a comissão de acompanhamento atualizará as transferências”, referiu.

Com a descentralização nas áreas da Educação e da Ação Social, foram integradas na Câmara de Gaia 1.300 pessoas, às quais se somam 200 de novas contratações feitas pela autarquia para cumprir os rácios.

Além do “desafio descentralização”, o executivo de maioria socialista refere, no relatório ao qual a Lusa teve acesso, que, após a pandemia da covid-19, esperava-se um ano de “renascimento”, mas este tornou-se “numa nova era de incerteza” graças à guerra da Ucrânia.

No entanto, à Lusa, o presidente da câmara garantiu: “Não temos nenhum stress financeiro, ainda que existam normais situações a limar”.

Do lado da dívida, o balanço demonstra um passivo total de 163 milhões de euros. Já o saldo de gerência ronda os 30,7 milhões de euros. As contas de 2022 da Câmara de Vila Nova de Gaia, no distrito do Porto, evidenciam um aumento de 16,8% das receitas totais, comparativamente a 2021.