Alguns destes portugueses estavam na base militar de Yavoriv, atacada no domingo pelas tropas russas, e estão bem, adiantou o ministro Augusto Santos Silva, citado pela agência de notícias espanhola EFE, num encontro com jornalistas estrangeiros em Portugal.

Portugal "não concorda com estes procedimentos", sublinhou.

"Entendemos que esta não é a forma mais eficaz de apoiar os ucranianos no seu direito à autodefesa e não faz parte da tradição ou forma de ser dos portugueses, nem é a forma como Portugal contribui para a segurança internacional", explicou o chefe da diplomacia portuguesa.

Numa nota enviada à Lusa no domingo, depois da notícia do ataque, o Ministério dos Negócios Estrangeiros dava conta de que estava a procurar “obter informações sobre eventuais cidadãos portugueses" naquela base e insistia “vivamente em que, dada a situação vivida naquele país, nenhum cidadão português se desloque para a Ucrânia”.

“Àqueles que ainda assim o façam, roga-se que ao menos sinalizem ao Gabinete de Emergência Consular a sua deslocação àquele país”, referiu o ministério.

Como tinha já dito terça-feira na Assembleia da República, o ministro disse que Portugal é a favor da manutenção do envio de armas para a Ucrânia, "porque na guerra a defesa legítima é legal", e também do aumento da "dissuasão" e da capacidade de defesa da NATO no âmbito da invasão pelas tropas russas.

"Não pertencemos à tradição de Pôncio Pilatos, não acreditamos que o agressor possa atacar e o agressor não responda" e por isso “apoiamos as decisões da UE de enviar equipamento militar de natureza defensiva para a Ucrânia", sublinhou Santos Silva.

Insistiu que é preciso, contudo, manter a "máxima contenção" para evitar um confronto direto entre a Rússia e a Aliança Atlântica.

O ministro dos Negócios Estrangeiros português voltou também a manifestar a disponibilidade de Portugal para receber refugiados ucranianos, adiantando que as autoridades já receberam mais de 10.000 pedidos e há capacidade para receber muitos mais.

"Não trabalhamos com limites", disse o ministro, que sublinhou que a maioria dos deslocados chegou por meios privados.

Com as novas candidaturas, a comunidade ucraniana em Portugal, que ascendia a 28.600, vai subir para 35.000, ainda longe dos 80.000 ucranianos que o país tinha nos anos 1990 e que, segundo o ministro, contribuiu para o desenvolvimento de Portugal.