Stanislaw Zaryn realçou, em entrevista, que “neste momento existem cerca de mil [membros do grupo Wagner] na Bielorrússia”, havendo algumas estimativas que admitem ser “até três mil”.

O Centro para a Resistência Nacional (CRN), estabelecido pelas forças de operações especiais ucranianas para promover atividades de subversão no outro lado da frente, disse hoje que o grupo Wagner pretende recrutar soldados bielorrussos dispostos a atacar a Polónia e Lituânia.

Estas tentativas de reforçar as fileiras do grupo paramilitar russo estão a decorrer no âmbito da instrução que os membros do Wagner estão a fornecer aos soldados da Bielorrússia em solo bielorrusso, onde se fixaram após a rebelião do seu chefe, Evegueni Prigozhin, contra as chefias militares do Exército russo.

A Bielorrússia faz fronteira com a Ucrânia a sul, e também com a Lituânia, Letónia e Polónia, o que suscita receios sobre possíveis ações dos elementos Wagner que para lá se deslocaram contra território ucraniano, em plena contraofensiva contra as forças invasoras russas, ou contra estes três países da NATO e da União Europeia.

De acordo com o ministro polaco, por agora “não é clara a missão que estão a cumprir”, adiantando que a base provisória onde os mercenários do Wagner estão instalados fica em Mogilev, a menos de 100 quilómetros de Minsk.

Zaryn destacou que a chegada dos mercenários do grupo paramilitar russo à Bielorrússia foi, no início, “um presente para [o Presidente bielorrusso Aleksandr] Lukashenko, que talvez pensasse que com eles poderia garantir o seu poder” e controlo do país.

Mas o ministro polaco alertou que os mercenários “podem escapar rapidamente do controlo de Lukashenko e tornarem-se um problema para a própria Bielorrússia”.

“São condenados e criminosos de guerra que sempre causarão problemas onde quer que estejam”, alertou.

Em 23 de julho, Lukashenko assegurou, durante um encontro em São Petersburgo com o seu homólogo Vladimir Putin, que os paramilitares do grupo Wagner estacionados no seu país lhe pediram “autorização” para atacar a Polónia.

Estas declarações foram interpretadas apenas como uma forma de pressionar a Polónia, o principal país do flanco leste da NATO e um dos mais destacados apoiantes da Ucrânia.

Depois de liderar recentemente a captura de Bakhmut, província de Donetsk, no leste ucraniano, o grupo Wagner rebelou-se contra as lideranças militares russas na noite de 23 para 24 de junho, após acusá-las de sabotar as atividades dos mercenários e até bombardear os seus acampamentos.

Após capturar sem resistência a cidade estratégica de Rostov, no sul da Rússia, o líder do Grupo Wagner, Yevgeny Prigozhin, concordou em dar ordem aos seus soldados para fazer meia-volta quando as suas colunas já se encontravam a 200 quilómetros da província de Moscovo, num acordo obtido por mediação do Presidente bielorrusso, aliado do Kremlin, a troco de uma amnistia aos militares amotinados e possibilidade de incorporarem as forças armadas regulares russas ou instalarem-se na Bielorrússia.