Durante a apresentação da estratégia de recuperação do Pinhal de Leiria, que decorreu na Marinha Grande, o presidente do ICNF, Rogério Rodrigues, revelou que irão iniciar-se os procedimentos de alienação de "cerca de 1,1 milhões de metros cúbicos de madeira de serração, acima de 20 centímetros de diâmetro, e cerca de 600 mil metros cúbicos de madeira de trituração" das "sete grandes matas nacionais do litoral".
Estão previstos 11 talhões de madeira de trituração e quatro a seis talhões de madeira de serração, "precisamente para possibilitar um volume de negócios mais apetecível", isto "em articulação com as medidas do Governo quer ao nível dos parques de madeira, quer, inclusivamente, outras iniciativas que possibilitem ao setor privado ter condições para ir ao mercado com alguma vantagem".
Até junho, "todos os processos de hasta pública estarão culminados", revelou ainda Rogério Rodrigues.
À margem da apresentação, o presidente do ICNF afirmou que não existem valores previstos para a venda da madeira.
"Se tivermos os valores médios poderemos estar a falar à volta dos 35 milhões de euros, o volume de todo o exponencial, mas isto são valores relativos porque só o mercado nos irá trazer os verdadeiros valores", precisou.
Rogério Rodrigues também não respondeu se o lucro da venda da madeira será reinvestido nas matas nacionais, tendo afirmado que "é preciso saber o que fazer para a recuperação destas matas, que não é um processo para um ano, nem sequer para uma década”.
“Isto é um processo que vai, nos primeiros cinco a dez anos, ter o maior impacto de investimento, processo que se vai realizar ao longo das sete décadas seguintes", disse.
Além da hasta pública, o Governo vai disponibilizar o parqueamento da madeira entre nove meses a três anos para um milhão de toneladas de madeira.
O presidente do ICNF explicou que esta é uma medida de apoio "para todas as empresas que pretendam adquirir madeira e guardá-la, para que esse parqueamento seja feito de forma regrada" porque esse parqueamento “é essencial para que as empresas tenham uma boa laboração nos próximos dois anos”.
Rogério Rodrigues disse ainda que após os incêndios de outubro foi definida a estratégia de intervenção para as "matas do litoral, matas nacionais e perímetros florestais”.
Referindo-se especificamente ao Pinhal de Leiria, disse que a estratégia de recuperação daquela zona inclui a elaboração de um plano de corte plurianual e de um plano de gestão florestal de médio e longo prazo, assim como um plano de corte plurianual faseado, com prioridade para as áreas com madeira de maior valor ou que representem mais risco para a circulação a rede viária.
Na sessão, a presidente da autarquia da Marinha Grande, Cidália Ferreira enfatizou o "desgosto enorme" que é atravessar o pinhal após o incêndio que queimou 86% daquela área florestal.
A autarca considerou a necessária reflorestação como uma tarefa "grandiosa", estimando que serão necessárias cerca de 250 milhões de árvores.
Cidália Ferreira voltou a reclamar "meios adequados" para os serviços florestais, equipados com os "recursos humanos e materiais imprescindíveis" e defendeu que as intervenções no "pouco espaço verde" que restou do Pinhal de Leiria "sejam prioritárias" para o ICNF, para que a população dele possa continuar a usufruir.
O incêndio de 15 e 16 de outubro destruiu 86% dos 11 mil hectares da Mata Nacional de Leiria, num total de 9.476 hectares.
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