Questionada pelo SAPO24 durante a conferência de imprensa de balanço da situação epidemiológica em Portugal sobre os receios de pais e encarregados de educação relativamente ao regresso às aulas presenciais para alunos do 11.º e 12.º ano, Graça Freitas lembrou que "não há risco zero em nada", mas garantiu que "este regresso às aulas está a ser ponderado para garantir a segurança de todos”.
Assim, desde que sejam cumpridas as regras de higiene e segurança, "devemos voltar às aulas com toda a confiança", disse.
“Não há risco zero em nada, na nossa vida social, na nossa vida de relação e laboral. O que nós estamos a fazer é um conjunto de regras para minimizar o risco e essas regras são dependentes de várias coisas”.
Em primeiro lugar, a diretora-geral da saúde destacou a avaliação das "condições em que estas aulas vão ser retomadas: condições do edificado, dos equipamentos, da organização das aulas, do tipo de contacto que vai haver ou não entre os alunos, dos espaços. Há aqui uma série de medidas que têm a ver com a organização do espaço-escola, dos equipamentos, com limpeza e desinfeção das superfícies"
Em segundo lugar, destacou, estão questões comportamentais: "Um jovem tanto pode ter um comportamento seguro fora do ambiente escolar, como ter um comportamento seguro dentro da escola. O que vamos recomendar é que o regresso às aulas seja de forma ordeira e respeitando regras".
Estas regras visam "evitar ao máximo a transmissão direta de gotículas e a transmissão indireta através das superfícies. A transmissão direta depende do nosso comportamento; a transmissão indireta depende da limpeza e desinfeção das superfícies", explicou.
Assim, conclui, "devemos voltar às aulas com toda a confiança, desde que se garanta que todos nós — alunos, auxiliares, docentes, educadores e toda a comunidade escolar — vamos contribuir para este esforço que nos mantermos afastados, de mantermos a higiene das mãos, de manter e etiqueta respiratória, a utilização de máscara para usar uma barreira entre nós e o outro", sendo que "o uso de máscara não leva a que as pessoas convivam frente a frente e de perto".
Uma vez observado este conjunto de medidas, "o risco de voltar para a escola é o risco de viver em comunidade e, portanto, não há motivo para que os pais não deixem os seus filhos irem às escolas", acrescentou Graça Freitas.
A diretora-geral da Saúde salientou ainda a necessidade de se aprender a viver com este vírus "que pode ficar connosco "provavelmente para o resto da vida".
"Vamos encarar isto como um período normal das nossas vidas. Temos de nos habituar a viver com esta nova realidade, foi a natureza que decidiu lançar um novo vírus que infeta a espécie humana e nós vamos ter de viver com este vírus nos próximos anos, provavelmente para o resto da vida, que pode ter um caráter epidémico agora e depois tornar-se um vírus residente. Portanto temos de aprender a minimizar o risco”.
A Confederação Nacional Independente de Pais e Encarregados de Educação disse hoje estar preocupada com o regresso dos alunos dos 11.º e 12.º anos à escola por considerar não estarem reunidas as condições de segurança, mesmo com as restrições anunciadas.
“A coberto de um argumento válido, pensamos que se procura um grupo-alvo de estudo em meio semi-controlado para que se teste a imunidade coletiva. Não se pode permitir isto, pois os nossos filhos e educandos não são cobaias”, diz a Confederação.
O Ministério da Educação enviou na terça-feira às escolas orientações para o regresso às aulas em regime presencial, que arrancam em 18 de maio os alunos do 11.º e 12.º anos.
Entre as orientações estão o uso de máscara para conter a disseminação do novo coronavírus, normas para a disposição das salas de aula, horários desfasados entre as turmas e intervalos reduzidos ao máximo, tendo os alunos de permanecer dentro das salas.
Portugal regista hoje 1.089 mortes relacionadas com a covid-19, mais 15 do que na terça-feira, e 26.182 infetados (mais 480), segundo o boletim epidemiológico divulgado pela Direção-Geral da Saúde.
Em comparação com os dados de terça-feira, em que se registavam 1.074 mortos, hoje constatou-se um aumento de óbitos de 1,4%.
Relativamente ao número de casos confirmados de infeção pelo novo coronavírus (26.182), os dados da DGS revelam que há mais 480 casos do que na terça-feira (25.702), representando uma subida de 1,9%.
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