Este número de mortos não inclui os mais de 8.000 corpos que as autoridades locais estimam estarem ainda sob os escombros, uma vez que as equipas de ambulâncias e de defesa civil não conseguem chegar até eles.

"A ocupação israelita cometeu sete massacres contra famílias na Faixa de Gaza, causando 71 mártires e 112 feridos durante as últimas 24 horas", afirmou hoje o porta-voz da saúde de Gaza em comunicado.

No último dia, dezenas de civis palestinianos foram mortos ou feridos numa série de ataques aéreos israelitas em várias zonas do enclave, informaram hoje fontes palestinianas e médicas locais.

O cerco militar ao hospital Shifa, no norte da cidade de Gaza, continua pelo décimo segundo dia consecutivo e, nas últimas 24 horas, as tropas israelitas terão matado membros das milícias na zona e localizado "armas e infraestruturas terroristas", segundo um comunicado militar citado pela agência EFE.

As imediações do hospital, no bairro de Al Rimal, têm sido bombardeadas nos últimos dias e as zonas residenciais reduzidas a escombros, segundo o Governo do Hamas.

Aviões de guerra israelitas bombardearam na noite de quinta-feira edifícios residenciais nas proximidades da Torre al-Wehda, no bairro de Nasr, na zona ocidental da cidade de Gaza, e no bairro de Tel al-Hawa, a sul da cidade, "causando mortos e feridos", informou, por seu turno, a agência noticiosa palestiniana Wafa.

"As forças de ocupação israelitas também atacaram um grupo de civis a sul do campo de refugiados de al Shati, na cidade de Gaza, causando vários feridos", acrescentou.

Já um porta-voz militar israelita confirmou, na quinta-feira, que desde o início do último ataque a Al Shifa, a 18 de março, cerca de 200 milicianos foram mortos, enquanto cerca de mil pessoas foram detidas, incluindo 513 ligadas ao "Hamas ou à Jihad Islâmica Palestiniana".

No Sul, em Khan Younis, onde Israel iniciou uma invasão terrestre em dezembro de 2023, pelo menos 12 civis foram mortos quando os caças israelitas atacaram uma casa pertencente à família Muammar, informou o Ministério da Saúde de Gaza.

No centro do enclave palestiniano, o exército de Israel informou hoje ter matado um número desconhecido de milicianos e encontrado "numerosos rockets" que foram destruídos. Além disso, os caças eliminaram "uma célula terrorista num complexo próximo", acrescentou.

O receio de uma incursão em Rafah

O exército israelita mantém a intenção de atacar Rafah, no extremo sul da Faixa de Gaza, apesar das críticas da generalidade da comunidade internacional, incluindo os Estados Unidos.

Em Rafah, que Israel considera ser o último grande reduto do Hamas, estão 1,5 milhões de palestinianos, a grande maioria dos quais deslocados pela violência noutras partes do território.

Principal aliado de Israel, os Estados Unidos receiam o custo humano de uma operação contra Rafah e preferem outras opções, como as operações dirigidas contra os dirigentes locais do Hamas.

Israel criticou a abstenção norte-americana no Conselho de Segurança da ONU que levou à recente adoção de uma resolução sobre um cessar-fogo e cancelou uma reunião em Washington para discutir a ofensiva terrestre em Rafah.

Mas, na quarta-feira, um alto funcionário dos Estados Unidos disse que o Governo israelita indicou que gostaria de encontrar uma nova data para a reunião sobre Rafah.

O Qatar, que desempenha o papel de mediador com o Egito e os Estados Unidos, assegurou esta semana a continuação das negociações indiretas entre Israel e o Hamas.

O objetivo é garantir uma trégua de várias semanas nos combates, associada a uma troca de reféns israelitas e de prisioneiros palestinianos.