A capital da República Checa — país que assume a presidência semestral rotativa do Conselho da União até final do ano — acolhe hoje de manhã uma reunião informal de ministros da Defesa, com a participação da ministra Helena Carreiras, e, entre hoje à tarde e até quarta-feira, uma reunião informal dos chefes de diplomacia dos 27, com a participação de João Gomes Cravinho.
Enquanto na reunião informal de ministros da Defesa, que contará com a participação do ministro ucraniano, os 27 debaterão os apoios que poderão continuar a prestar à Ucrânia para fazer face à invasão russa, no encontro de ministros dos Negócios Estrangeiros as atenções estarão centradas num debate entre os Estados-membros sobre uma eventual suspensão do acordo de facilitação de vistos a turistas russos.
Vários países, entre os quais a ‘anfitriã’ República Checa, têm reclamado uma proibição de entrada de turistas russos no espaço Schengen (espaço europeu de livre circulação), uma medida que o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, tem vindo a reclamar, e que alguns Estados-membros ameaçam implementar de forma bilateral se não houver um compromisso ao nível da União.
Mas, a questão está longe de ser consensual entre os 27, merecendo a oposição de países como a Alemanha.
Uma possibilidade que está a ser explorada com vista a ser alcançada uma posição comum é a suspensão do acordo de facilitação de vistos que a UE tem com a Rússia desde 2007, para desse modo tornar o processo mais complexo, mas a discussão de hoje promete ser “acesa”, admitiram fontes europeias.
Quanto à reunião de ministros da Defesa, que foi lançada na segunda-feira à noite com um evento no Castelo de Praga, mas que decorre hoje de manhã, os 27 vão voltar a discutir o apoio militar à Ucrânia e, entre os assuntos em cima da mesa, estará uma eventual missão de treino e assistência ao exército ucraniano, tal como revelou na semana passada o Alto Representante para a Política Externa.
Josep Borrell adiantou, à margem de uma conferência em Espanha, que está a ser discutida, entre os Estados-membros, uma missão de treino para as forças armadas ucranianas, designadamente para formar o exército na utilização do armamento moderno que lhe está a ser fornecido por aliados, e que, a avançar, terá lugar em países vizinhos da Ucrânia.
Lembrando que a UE tem atualmente 17 missões de treino e assistência militar espalhadas pelo mundo, incluindo em Moçambique, o chefe da diplomacia europeia considerou “razoável” que haja uma missão importante também para a Ucrânia, e disse acreditar num entendimento entre os 27 já nesta reunião de Praga.
Na agenda de trabalhos, os ministros da Defesa têm também prevista uma discussão sobre “a influência da atividade russa em África, com um enfoque específico nos compromissos da UE na região”, assim como um debate sobre o investimento dos 27 em Defesa.
Estas reuniões de ministros da Defesa e dos Negócios Estrangeiros, que marcam a ‘rentrée’ política europeia após a pausa de verão, têm lugar poucos dias depois de se terem assinalado seis meses sobre o início da invasão russa da Ucrânia, a 24 de fevereiro.
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