"Escrevi diretamente ao primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, para expressar a minha profunda preocupação com o projeto de lei que poderia impedir a UNRWA de continuar o seu trabalho essencial no território palestiniano ocupado", disse Guterres à imprensa.

"No decurso de toda a agitação, a UNRWA, mais do que nunca, é indispensável. A UNRWA é, mais do que nunca, insubstituível", alertou.

A comissão de Negócios Estrangeiros e Defesa do Parlamento israelita, o Knesset, aprovou no domingo dois projetos de lei destinados a pôr fim à atividade e aos privilégios da UNRWA em Israel.

Um deles pretende impedir que a organização para os refugiados palestinianos preste qualquer serviço ou atividade em Israel e o segundo tornará sem efeito o acordo que permite a atividade da agência e eliminaria a imunidade dos seus trabalhadores em território israelita.

Antes do conflito, a agência oferecia cuidados médicos e educação para grande parte da população de Gaza.

A expulsão dessa agência da ONU "sufocaria os esforços para aliviar o sofrimento humano e as tensões em Gaza" e "seria uma catástrofe num desastre já sem paliativos", advertiu Guterres, que considera este pequeno território "o marco zero de um sofrimento humano difícil de imaginar".

As atividades da UNRWA "fazem parte integral" da resposta humanitária da ONU em Gaza, disse Guterres, para quem "não é factível isolar uma agência da ONU das demais".

A UNRWA, que há décadas fornece assistência humanitária aos refugiados palestinianos em Gaza, Jordânia, Líbano, Síria e Cisjordânia, está na alça de mira das autoridades israelitas, que acusaram 12 dos seus funcionários de participar no ataque do movimento islamista palestiniano Hamas em 7 de outubro de 2023 em Israel, que foi o gatilho para a guerra que agora se estende pela região, particularmente no Líbano.

"Ainda há tempo de parar", apesar da iminência de uma guerra total no Líbano e de que o conflito na região se aprofunde, disse Guterres.

"Cada ataque aéreo, cada lançamento de míssil, cada foguete disparado, afasta ainda mais a paz e agrava o sofrimento dos milhões de civis presos no meio", advertiu. E aproveitou para lembrar à comunidade internacional que foram recebidos apenas 12% dos 426 milhões de dólares solicitados para o Líbano.