A plataforma “Há amianto na Escola” surgiu há cerca de dois meses e identificou até agora 102 estabelecimentos de ensino onde a presença do amianto é um potencial problema para a saúde de quem ali estuda ou trabalha.
O coordenador do MESA, André Julião, disse à Lusa que a plataforma recebe muitas denúncias, mas só são contabilizadas aquelas em que há fotografias e informação que comprove o problema.
“Neste momento temos 102 escolas apontadas como tendo amianto. Muitas fizeram queixa à Direção-geral dos Estabelecimentos Escolares (DGEstE) mas quase nenhuma recebeu resposta”, adiantou André Julião.
Nem sempre a presença de amianto nas estruturas é sinónimo de urgência na retirada dos materiais, disse também à Lusa a arquiteta e membro da associação ambientalista Zero, Iria Roriz Madeira, adiantando que o grande problema é quando os materiais estão degradados ou quando se trata de materiais friáveis (que se desfazem), o que permite a libertação das fibras de amianto.
Existe uma lista dos edifícios públicos com amianto que estão identificados consoante o estado de conservação das estruturas e grau de urgência das obras.
“Quando não há uma prioridade alta é preciso esperar”, sublinhou Iria Roriz Madeira, denunciando casos de “remoções bastante mal feitas” que acabam por se revelar mais perigosos para a saúde das pessoas, uma vez que podem provocar a libertação das fibras.
“Sabemos de casos em que foram usados materiais inadequados, com rebarbadoras que partem as estruturas e acabam por libertar as fibras. Também sabemos de remoções feitas durante o período de aulas em que as placas foram deixadas nos recreios sem qualquer proteção”, contou à Lusa.
André Julião lembrou o caso da escola secundária João de Barros, em Arroios, e outras em Oliveira do Hospital onde as obras de remoção pararam a meio e as estruturas a remover ficaram dentro da escola “com o amianto a descoberto”. “Mas há outros casos”, lamentou em declarações à Lusa.
O coordenador do MESA criticou o facto de continuar desconhecida a lista atualizada de edifícios públicos com estruturas de amianto e a calendarização das obras, cuja divulgação é obrigatória por lei e que a associação tem pedido.
“A única resposta que recebemos da DGEstE foi em novembro dizendo que estavam a ultimar a lista com os dados sobre as intervenções realizadas nas escolas em 2019”, recordou.
O porta-voz do MESA acusa os serviços da DGEstE de estarem a fazer o levantamento de problemas nos estabelecimentos de ensino de forma pouco credível.
Diretores de escolas da zona metropolitana de Lisboa contaram a André Julião que “a DGEstE lhes tinha ligado a perguntar se a sua escola tinha amianto”, disse à Lusa, criticando a “leviandade” com que os serviços estão a tratar o assunto.
“Desta forma, qualquer lista perde a credibilidade”, criticou.
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