Abu Obeida, porta-voz das Brigadas al Qasam, o braço armado do Hamas, identificou na rede social Telegram o refém morto como Yehiv Buchataf, 34 anos.
“Anteriormente tínhamos advertido que os prisioneiros do inimigo padecem das mesmas condições que sofre o nosso povo, de fome e privações, pela falta de alimentos e medicamentos”, indicou o porta-voz.
“A doença ameaça agora a vida de diversos deles [reféns]”, acrescentou.
O anúncio de Obeida foi acompanhado de um vídeo propagandístico que mostra uma montagem onde surge o corpo de Buchataf num caixão.
“Apesar de ter sobrevivido aos ataques do Exército de ocupação, não escapou à falta de alimentos e medicamentos. O tempo está a esgotar-se e o seu Governo mente”, é a mensagem que aparece escrita na vídeo, em hebreu, árabe e inglês.
Entre os 253 sequestrados pelo Hamas em 7 de outubro, permanecem 130 detidos, cerca de 30 já mortos, para além de outros quatro reféns detidos há vários anos, dois deles também mortos.
Desde o início do atual conflito, Israel e o Hamas apenas garantiram um acordo de trégua de uma semana em finais de novembro, que permitiu libertar 105 reféns a troco de 240 prisioneiros palestinianos.
Quatro reféns foram libertados pelo Hamas em outubro, três resgatados pelo Exército e foram recuperados 11 corpos, três mortos por erro pelas tropas israelitas.
Cerca de 600 familiares de 81 reféns que permanecem retidos pelas milícias islamitas na Faixa de Gaza enviaram uma carta ao Presidente dos EUA, Joe Biden, na qual manifestam frustração com o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, sobre a sua gestão das negociações para a sua libertação.
Hoje, milhares de pessoas voltaram a sair à rua em Telavive, Jerusalém, Cesárea e outras cidades de Israel para pressionar o Governo a aceitar uma trégua que permita a libertação dos reféns, com alguns a pedir eleições antecipadas.
“Os reféns não podem gritar, necessitam que estejamos aqui por eles, e não pararemos até que estejam todos em casa”, anunciou o Fórum de Famílias de Reféns e Desaparecidos, que liderou a convocatória.
“Faço um apelo ao primeiro-ministro: abandonou-nos a 07 de outubro e continua a abandonar-nos. Um comportamento inaceitável entre judeus”, referiu no protesto de Telavive Adina Moshe, uma refém libertada em novembro.
Delegações de Israel e do Hamas encontram-se de novo em Doha para participar em negociações indiretas — mediadas pelo Qatar, Egito e EUA — sobre um novo projeto de acordo que permita uma trégua de pelo menos seis semanas e a troca de 40 reféns por 400 prisioneiros palestinianos.
Um responsável do Hamas disse hoje que há “profundas divergências” com Israel nas discussões sobre um cessar-fogo na Faixa de Gaza, nomeadamente sobre o cessar fogo, o regresso total de civis deslocados e a gestão da ajuda humanitária.
“O inimigo tomou a flexibilidade do nosso movimento por fraqueza. O ocupante tenta usar as negociações como um meio de prosseguir os seus crimes e a sua agressão”, declarou à AFP, sob condição de anonimato, o responsável do Hamas próximo das conversações em curso.
“A resposta dos ocupantes é absolutamente inaceitável, e nenhum palestiniano pode aceitar essa oferta, especialmente o facto de eles recusarem o retorno dos deslocados e desejarem manter a ocupação na Faixa de Gaza”, acrescentou.
O Exército de Israel iniciou uma ofensiva generalizada sobre a Faixa de Gaza na sequência dos ataques do Movimento de Resistência Islâmica (Hamas) em 7 de outubro de 2023 contra alvos militares, policiais e civis israelitas perto do território palestiniano.
A inédita operação militar do Hamas causou cerca de 1.200 mortos e mais de duas centenas de reféns, segundo as autoridades israelitas.
Desde então, Israel desencadeou uma ofensiva na Faixa de Gaza que até ao momento já provocou mais de 32.000 mortos, de acordo com o Ministério da Saúde controlado pelo Hamas.
A ofensiva israelita também tem destruído a maioria das infraestruturas de Gaza e perto de dois milhões de pessoas foram forçadas a abandonar as suas casas, a quase totalidade dos 2,3 milhões de habitantes.
A população da Faixa de Gaza também se confronta com uma crise humanitária sem precedentes devido ao colapso dos hospitais, ao surto de epidemias e escassez de água potável, alimentos, medicamentos e eletricidade.
Desde 7 de outubro de 2023, mais de 420 palestinianos também já foram mortos pelo Exército israelita e por ataques de colonos na Cisjordânia e Jerusalém Leste, territórios ocupados pelo Estado judaico, para além de se terem registado perto de 7.000 detenções e mais de 3.000 feridos.
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