“A reunião de Paris permitiu-nos consolidar as propostas. (…) Esta proposta foi aprovada pela parte israelita e temos agora uma primeira confirmação positiva do Hamas”, disse Majed al-Ansari, referindo-se a uma reunião realizada no passado fim de semana em França entre representantes norte-americanos, israelitas, qataris e egípcios.

Durante uma palestra na Universidade Johns Hopkins, o porta-voz da diplomacia do Qatar sublinhou que ainda há pormenores a afinar, mas disse estar “otimista” porque é a primeira vez em dois meses que “ambas as partes estão de acordo sobre as premissas” em que as negociações estão a decorrer.

Al-Ansari afirmou que há “um caminho muito difícil pela frente” e avisou que a situação é “fluida”, mas disse estar confiante de que nas próximas semanas poderão surgir “boas notícias”.

Os chefes dos serviços secretos de Israel, dos Estados Unidos e do Egito, bem como o primeiro-ministro do Qatar, chegaram a uma proposta para uma nova trégua e uma troca de reféns por prisioneiros palestinianos, após dois dias de reuniões em Paris, que terminaram segunda-feira, cujo projeto foi depois transmitido aos dirigentes do grupo islamita palestiniano Hamas.

Em caso de acordo, esta seria a segunda trégua após a alcançada entre Israel e o Hamas entre 24 e 30 de novembro, que permitiu a troca de 105 reféns, incluindo alguns estrangeiros, pela libertação de 240 prisioneiros palestinianos.

O projeto de negociação prevê várias etapas, a primeira das quais prevê a libertação de 35 prisioneiros civis detidos pelo Hamas em troca da cessação total das operações israelitas em Gaza durante 45 dias, segundo fontes envolvidas nas negociações.

Além disso, prevê a libertação de cerca de 100 prisioneiros palestinianos em troca de cada refém libertado pelo Hamas, estando igualmente previsto um aumento da ajuda humanitária à Faixa de Gaza.

Na segunda fase, seriam libertados elementos femininos e masculinos do exército israelita, enquanto a última fase incluiria a transferência dos corpos dos reféns que morreram em cativeiro no enclave palestiniano, segundo as mesmas fontes.

Na terça-feira, o chefe do gabinete político do grupo islamita, Ismail Haniyeh, admitiu que o movimento palestiniano está a estudar a proposta e que responderá “em breve”, mas exigiu “a retirada total das tropas israelitas” da Faixa de Gaza.

O Governo israelita não está disposto a parar a guerra, apesar da pressão crescente das famílias dos reféns para negociar um acordo a qualquer preço para a libertação dos 132 reféns restantes na Faixa de Gaza, cerca de 28 dos quais se pensa estarem mortos.

O atual conflito foi desencadeado por um ataque sem precedentes do Hamas no sul de Israel, que causou cerca de 1.200 mortos e mais de duas centenas de reféns no dia 7 de outubro, segundo as autoridades israelitas.

Em resposta, Israel lançou uma ofensiva aérea, marítima e terrestre contra a Faixa de Gaza, um pequeno enclave palestiniano com cerca de 2,3 milhões de habitantes.

A guerra causou 27.019 mortos na Faixa de Gaza, segundo um novo balanço divulgado hoje pelo Ministério da Saúde do movimento islamita, que controla o território desde 2007.