“Por cada caixa de medicamentos para os prisioneiros, mil para o nosso povo”, disse Musa Abu Marzouk, um membro sénior do gabinete político do Hamas baseado no Líbano, numa publicação na rede X (antigo Twitter) sobre os termos do acordo anunciado na terça-feira à noite pelo Qatar, que também inclui a entrega de alimentos e ajuda humanitária.
O líder do Hamas acrescentou que 140 tipos diferentes de medicamentos estão incluídos no carregamento.
Os medicamentos serão entregues pelo Comité Internacional da Cruz Vermelha, tanto os destinados aos reféns, detidos pelo movimento palestiniano desde os ataques de 07 de outubro, como os destinados à população de Gaza, que serão distribuídos por quatro hospitais da Faixa de Gaza, disse o líder do Movimento de Resistência Islâmica (Hamas).
Até agora, a Cruz Vermelha não teve acesso aos reféns para verificar o seu estado de saúde e condições de cativeiro, o que foi fortemente criticado pelas famílias e pelo governo israelita, embora a organização alegue que não tem garantidas as condições de segurança para o fazer.
Este é o primeiro acordo alcançado entre as partes beligerantes desde a trégua de uma semana, em novembro, que permitiu a libertação de 105 reféns e 240 prisioneiros palestinianos, uma troca assistida pela Cruz Vermelha.
Estima-se que 109 reféns continuam vivos em Gaza, 75% dos quais necessitam de tratamento médico, quer por serem doentes crónicos quer por estarem feridos. Em Gaza permanecem ainda os corpos de 27 reféns israelitas raptados pelo Hamas em 7 de outubro.
O Qatar anunciou na terça-feira à noite “uma mediação bem-sucedida do Qatar em cooperação com a França” para um acordo entre Israel e o Hamas para a entrega de medicamentos e outra ajuda humanitária aos civis na Faixa de Gaza, “nas áreas mais afetadas e vulneráveis”, em troca de que alguns dos medicamentos cheguem aos reféns.
O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, confirmou o acordo, agradeceu a “todos os que ajudaram nesta tarefa” e disse que os medicamentos foram comprados pela França, “de acordo com uma lista elaborada em Israel em função das necessidades médicas dos reféns”.
Abu Marzouk afirmou que, desta vez, as autoridades israelitas não irão inspecionar os carregamentos, como fizeram até agora com todos os camiões de ajuda que entraram na Faixa de Gaza, por receio de que o Hamas os utilize para contrabandear armas.
“Netanyahu está a mentir e a enganar o seu povo mais uma vez: somos nós que determinamos a quantidade, o mediador, o mecanismo de distribuição e a entrega dos medicamentos no norte de Gaza, apesar da proibição e da recusa israelita durante 100 dias”, disse Marzouk.
O conflito em curso entre Israel e o Hamas foi desencadeado pelo ataque do movimento islamita palestiniano em território israelita em 7 de outubro de 2023.
Nesse dia, cerca de 1.140 pessoas foram mortas, na sua maioria civis, mas também perto de 400 militares, segundo os últimos números oficiais israelitas. Cerca de 240 civis e militares foram sequestrados nesses ataques do Hamas.
Em retaliação, os bombardeamentos israelitas na Faixa de Gaza já mataram mais de 24 mil pessoas — na maioria mulheres, crianças e adolescentes — e fizeram mais de 60 mil feridos, também maioritariamente civis, segundo o Hamas, que controla o enclave palestiniano desde 2007.
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