Num discurso transmitido pela televisão, o porta-voz do braço armado do Hamas, Abu Obeida, afirmou que muitos dos reféns “foram provavelmente mortos recentemente e os outros estão em grande perigo”.
Segundo Abu Obeida, a responsabilidade pelo que aconteceu a estas pessoas é da “liderança do inimigo e do seu Exército”.
“O destino de muitos reféns é desconhecido depois das semanas mais recentes, e os outros entraram todos no túnel do desconhecido”, referiu.
Dos cerca de 250 reféns raptados em 07 de outubro no sul de Israel pelo Hamas, cerca de uma centena foi libertada em troca de prisioneiros palestinianos durante uma trégua nos combates no final de novembro.
No entanto, mais de 130 continuam na Faixa de Gaza (território controlado pelo Hamas desde 2007), segundo as autoridades israelitas, que apuraram que 25 morreram sem que os seus corpos tenham sido devolvidos.
As famílias dos reféns que ainda estão em Gaza concluíram hoje uma mobilização de 24 horas para pressionar o Governo israelita a garantir a sua libertação após 100 dias de cativeiro.
A iniciativa, que teve início ao anoitecer de sábado na agora denominada Praça dos Reféns de Telavive – localizada no centro da cidade e ponto de protesto semanal de familiares, amigos e cidadãos israelitas que apelam à libertação dos reféns – terminou com um discurso do Presidente israelita, Isaac Herzog, após a intervenção de outros antigos reféns, figuras políticas e internacionais.
“Cem longos dias de cativeiro, cem longos dias de solidão. São mantidos cruelmente na escuridão, em túneis, sem cuidados médicos, sofrendo terrivelmente”, lamentou Herzog.
No mesmo discurso transmitido pela televisão, Abu Obeida advertiu que “os grupos aliados do Eixo da Resistência” vão “aumentar os seus ataques” contra as tropas israelitas nos próximos dias.
O Hamas, juntamente com o seu aliado libanês Hezbollah, faz parte deste conjunto de grupos armados hostis a Israel e aos Estados Unidos que conta com o patrocínio do Irão.
“Ao fim de cem dias de batalha”, acrescentou o porta-voz, “a direção do inimigo esforça-se por engolir a sua dor e está a mergulhar na lama do seu fracasso”.
Acusou ainda Israel de travar “uma evidente guerra religiosa” e de ter destruído “a maior parte das mesquitas da Faixa de Gaza” no espaço de 100 dias.
“Profanou, queimou e arrasou as que os seus veículos alcançaram no terreno”, disse ainda Abu Obeida.
A 07 de outubro, combatentes do Hamas — desde 2007 no poder na Faixa de Gaza e classificado como organização terrorista pelos Estados Unidos, a União Europeia e Israel — realizaram em território israelita um ataque de proporções sem precedentes desde a criação do Estado de Israel, em 1948, fazendo 1.139 mortos, na maioria civis, segundo o mais recente balanço das autoridades israelitas.
Em retaliação, Israel declarou uma guerra para “erradicar” o Hamas, que começou por cortes ao abastecimento de comida, água, eletricidade e combustível na Faixa de Gaza e bombardeamentos diários, seguidos de uma ofensiva terrestre ao norte do território, que entretanto se estendeu ao sul.
A guerra entre Israel e o Hamas fez até agora na Faixa de Gaza mais de 23 mil mortos e mais de 59 mil feridos, na maioria civis, de acordo com o último balanço das autoridades locais, e cerca de 1,9 milhões de deslocados (cerca de 85% da população), segundo a ONU, mergulhando o enclave palestiniano sobrepovoado e pobre numa grave crise humanitária.
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