O produtor norte-americano de cinema Harvey Weinstein entregou-se hoje às autoridades em Nova Iorque, no âmbito de uma investigação judicial sobre agressões e abuso sexual.

Segundo o New York Times, o antigo produtor de cinema negociou um acordo para poder ser libertado mediante uma caução de um milhão de dólares, a entrega do passaporte e o uso de uma pulseira eletrónica.

Weinstein é representado por Ben Brafman, célebre advogado que obteve o abandono das acusações contra Dominique Strauss-Kahn, do FMI, em 2011.

A imprensa norte-americana já tinha noticiado na quinta-feira que Harvey Weinstein deveria apresentar-se hoje às autoridades judiciais nova-iorquinas, o que aconteceu cerca das 07:00 (hora local) em Manhattan, sem prestar qualquer declaração à chegada.

A reações nas redes sociais começaram a surgir até antes da entrega do produtor. Mira Sorvino, atriz, fala em "Justiça" pelo sucedido.

Asia Argento, uma das atrizes que acusou Weinstein, partilhou também um vídeo do produtor a dirigir-se à esquadra. No tweet, pergunta "Porque demoraste tanto, Weinstein?".

As primeiras acusações de agressões sexuais e violações contra o produtor de 66 anos surgiram em outubro de 2017, no âmbito do movimento #MeToo, em Hollywood, que levou as suas vítimas a identificarem-se e a divulgarem publicamente os abusos de que tinham sido alvo.

Fontes ligadas à investigação afirmaram à Associated Press que Weinstein poderá ser formalmente acusado de pelo menos um crime sexual, que remonta a 2004.

Trata-se da queixa apresentada por Lucia Evans, uma atriz estreante na altura, que afirma que o produtor a forçou a fazer-lhe sexo oral.

No total, mais de uma centena de mulheres testemunhou que o produtor de Hollywood tinha abusado sexualmente delas, um escândalo que desencadeou a campanha #Time’sUp, que levou à queda de centenas de homens em lugares de poder de numerosos setores.

Entres os testemunhos ouviram-se as vozes de Angelina Jolie, Gwyneth Paltrow, Mira Sorvino, Ashley Judd, Léa Seydoux, Asia Argento e Salma Hayek, que denunciaram uma série de episódios diferentes, que vão desde presumíveis comportamentos sexuais abusivos a acusações de violação por parte do produtor Harvey Weinstein, galardoado com um Óscar pela produção de “A Paixão de Shakespeare” (1998).