O Tribunal de Instrução Criminal (TIC) de Lisboa determinou hoje prisão preventiva para 39 dos 58 arguidos do processo do grupo de motociclistas Hells Angels e apresentações periódicas às autoridades para os restantes.
À saída do TIC, José Carlos Cardoso, advogado de 20 arguidos, disse aos jornalistas que vai avaliar o despacho da juíza Maria Antónia Andrade para decidir sobre a possibilidade de recorrer das prisões preventivas aplicadas a 13 dos seus clientes, tendo os restantes sete ficado com apresentações periódicas às autoridades.
Este advogado reconheceu que as medidas de coação não foram tão gravosas como aquelas que o Ministério Público tinha pedido, mas acabaram por ser mais pesadas do que aquelas que foram solicitadas pela defesa.
José Carlos Cardoso disse também que “qualquer advogado não pode ficar satisfeito quando tem constituintes que são privados da liberdade”.
Outro dos advogados, Túlio Araújo, disse aos jornalistas que o processo apresenta “muitas fragilidades” e vai ter “muitas mutações que serão a favor dos arguidos detidos”, sublinhando que as provas que existem no processo são circunstanciais e as imputações aos arguidos “não estão devidamente individualizadas”.
Para o advogado Correia de Almeida, na aplicação destas medidas de coação “pesou muito” a questão do alarme social.
Correia Almeida, que tem vários clientes entre os detidos, também admite recorrer e sustentou que “a pressa não foi boa conselheira”.
Já o advogado João Martins Leitão congratulou-se que não tenha sido aplicada a prisão preventiva à generalidade dos arguidos, como aconteceu recentemente no caso da invasão à academia do Sporting, em Alcochete.
Nas suas alegações, o Ministério Público tinha pedido a aplicação de prisão preventiva para 54 arguidos e apresentações diárias às autoridades para os restantes.
O processo envolve acusações de associação criminosa, tentativa de homicídio, roubo, ofensa à integridade física e tráfico de droga.
A investigação do caso dos Hells Angels foi elaborada pelo Departamento Central de Investigação e Ação Penal e pela Unidade Nacional Contraterrorismo da Polícia Judiciária e os mandados de busca e de detenção foram executados há uma semana.
Um 59.º arguido encontra-se detido na Alemanha.
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