“Já existem relatos de hospitais que tiveram que encerrar algumas camas, como é o caso do São João, onde foram encerradas mais de 70 camas de internamento, alguns blocos operatórios e até algumas camas de cuidados intensivos”, informou Miguel Guimarães no final da visita ao Centro Hospitalar do Barreiro Montijo, no distrito de Setúbal.
Segundo o bastonário da Ordem dos Médicos, o Centro Hospitalar de São João considerou que “não tinha os profissionais de saúde suficientes para assegurar as camas e para garantir aos doentes os cuidados de saúde de qualidade”.
Para Miguel Guimarães, esta situação está a acontecer “porque não foi atempadamente corrigida”.
A alteração de horário levou o Governo a anunciar a contratação de dois mil profissionais de saúde para suprir as necessidades, mas segundo os administradores hospitalares, profissionais de saúde e Ordem dos Médicos, o número fica aquém do necessário.
“Estes dois mil profissionais depois de serem contratados darão uma cobertura a cerca de um terço das necessidades”, justificou o bastonário.
Miguel Guimarães considera que esta situação vai “aumentar ainda mais a gravidade de deficiência de capital humano”, num Serviço Nacional de Saúde que “neste momento está fragilizado”.
O bastonário dos médicos adiantou que a decisão de reduzir camas “não tem a ver com as férias”, mas destina-se a “manter a segurança clínica dos doentes que estão internados”.
Para o bastonário, o principal problema não reside no facto de a medida ter sido aplicada neste período, mas sim por não ter sido “previamente contratada pelo menos uma parte significativa dos profissionais de saúde que seriam necessários".
Miguel Guimarães especificou que é “da mais inteira justiça” que os profissionais da saúde passem para as 35 horas semanais, em vez de 40 horas.
Se a situação não ficar resolvida em breve, o bastonário dos médicos pensa que os efeitos se vão a gravar. “A verdade é que a partir de setembro este efeito vai ser ainda maior e esses dois mil não chegam”, garantiu.
O responsável da Ordem dos Médicos discordou ainda dos supostos contratos de trabalho por um prazo de seis meses, ressalvando que “estas pessoas têm que ser contratadas para trabalhar no Sistema Nacional de Saúde a tempo inteiro”.
A reposição das 35 horas semanais na saúde entrou em vigor no domingo, o mesmo dia em que enfermeiros, assistentes e técnicos de saúde iniciaram uma greve às horas extraordinárias. A paralisação vai prolongar-se por tempo indeterminado.
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