"Convocadas que estão as eleições para a direção parlamentar do PSD para o próximo dia 19 de julho, decidi liderar e apresentar uma lista candidata a essas eleições, na sequência das inúmeras manifestações de apoio que recebi de colegas deputados", refere Hugo Soares, em comunicado de imprensa.

Já na quinta-feira, dirigentes sociais-democratas tinham avançado à Lusa que Hugo Soares deveria ser candidato à liderança da bancada.

No comunicado à imprensa, Hugo Soares promete ficar em silêncio até ao debate do Estado da Nação, que se realiza na próxima quarta-feira, e diz que apenas iniciará depois "as diligências necessárias" à concretização da candidatura.

Antes da nota à imprensa, Hugo Soares já tinha enviado um mail aos deputados do PSD no qual explica que decidiu avançar depois de "uma reflexão pessoal", mas também em respostas a estímulos que diz ter recebido "de um conjunto muito alargado de colegas".

Nesse mail, a que a Lusa teve acesso, o atual vice-presidente da bancada diz sentir-se preparado para continuar "uma oposição coerente, responsável e acutilante".

"E faço-o porque sinto ser meu dever tudo fazer para voltarmos a eleger o presidente do PSD como primeiro-ministro de Portugal", afirmou.

As eleições para a bancada realizam-se a 19 de julho e foram anunciadas na quinta-feira de manhã, na reunião do grupo, pelo líder parlamentar, Luís Montenegro, que já não se pode recandidatar por ter atingido o limite de mandatos previsto nos estatutos do PSD.

Hugo Alexandre Lopes Soares, 34 anos, é vice-presidente da bancada desde outubro de 2013. Advogado, foi eleito deputado por Braga pela primeira vez em 2011.

Na atual legislatura integrou, como coordenador do PSD, a Comissão Parlamentar de Inquérito à Recapitalização da Caixa Geral de Depósitos e à Gestão do Banco.

No âmbito desta comissão, Hugo Soares entrou em polémica com o presidente da Assembleia da República e chegou a acusar Ferro Rodrigues de colocar em causa "o regular funcionamento do parlamento" ao rejeitar o alargamento do objeto da comissão.

O atual 'vice' da bancada social-democrata destacou-se quando, no final de 2013, ainda líder da JSD, foi o primeiro subscritor de um referendo com duas perguntas, uma sobre coadoção e outra sobre adoção de crianças por casais do mesmo sexto, que foi aprovado no parlamento com os votos do PSD e a abstenção do CDS-PP, mas que depois foi declarada inconstitucional pelo Tribunal Constitucional, em fevereiro de 2014.

Na reunião da bancada de quinta-feira, que decorreu como sempre à porta fechada, o presidente do PSD, Pedro Passos Coelho, frisou já ter trabalhado com dois presidentes da bancada, referindo-se a Miguel Macedo e Luís Montenegro.

Dizendo que não se envolverá neste processo, Passos Coelho remeteu a responsabilidade da escolha do líder parlamentar do PSD para os deputados e assegurou que "a direção trabalhará com que for o escolhido".

Luís Montenegro exerce funções de líder parlamentar do PSD desde junho de 2011, quando foi eleito com 86% dos votos, tendo sido sucessivamente reeleito em outubro de 2013, com 87% dos votos, e em novembro de 2015 com quase 98% dos votos, sempre sem oposição.

A atual direção da bancada do PSD tem, no total, 11 vice-presidentes: Hugo Soares, Carlos Abreu Amorim, Miguel Santos, Amadeu Albergaria, Adão Silva, Luís Leite Ramos, Miguel Morgado, Berta Cabral, António Leitão Amaro, Sérgio Azevedo e Nuno Serra.