“A relação entre a Suécia e a Hungria (…) está no seu ponto mais baixo e são necessárias medidas de confiança”, disse o ministro do Gabinete do Primeiro-Ministro, Gergely Gulyás, citado pela agência espanhola Europa Press.

Gulyás acusou a Suécia de “intervir no julgamento de Bruxelas contra a Hungria, ao apoiar a posição da Comissão Europeia (CE)” sobre a lei de proteção de menores aprovada por Budapeste.

A legislação proíbe a utilização nas escolas de materiais que discutam a homossexualidade, que também liga à pedofilia.

A CE remeteu a Hungria para o Tribunal de Justiça da União Europeia (UE) em meados de 2022, por considerar a lei em causa como homofóbica.

A posição de Bruxelas conta com o apoio de uma dúzia de países, incluindo a Suécia, que consideram a lei como discriminatória contra as pessoas com base na orientação sexual, segundo a agência espanhola EFE.

Budapeste argumenta que a legislação se destina a proteger os menores.

A Hungria é o único país da UE que ainda não ratificou a adesão sueca à NATO e também justifica a posição com críticas de políticos suecos sobre o estado da democracia no país.

Nas declarações à imprensa em Budapeste, Gergely Gulyás recusou-se a dizer quando é que o Parlamento se pronunciará sobre a adesão da Suécia à NATO.

A Suécia e a Finlândia pediram a adesão em maio de 2022, cerca de três meses depois de a Rússia ter invadido a Ucrânia, em 24 de fevereiro.

Apenas a Finlândia viu, até agora, a candidatura ratificada pelos 30 membros da NATO, o que lhe permitiu entrar na Aliança Atlântica na terça-feira, 04 de março, dia do 74.º aniversário da organização militar de defesa.

Além da Hungria, também a Turquia continua a obstruir a entrada da Suécia na NATO, a sigla inglesa da Organização do Tratado do Atlântico Norte, de que Portugal é um dos membros fundadores.

A Turquia alega que a Suécia não adotou medidas suficientes contra o que designa de “organizações terroristas” curdas.

“A nossa ambição é que iremos trabalhar sem descanso para nos convertermos em membros da NATO. É uma questão da maior importância para a Suécia”, disse o chefe da diplomacia sueca, Tobias Billstrom, na terça-feira, em Bruxelas.

Um dos objetivos russos para justificar a invasão da Ucrânia era impedir o país vizinho de aderir à NATO e, consequentemente, a expansão da Aliança Atlântica.

O novo país membro da NATO, a Finlândia, partilha uma fronteira terrestre de mais de 1.300 quilómetros com a Rússia.

A Ucrânia também formalizou o pedido de adesão à NATO em setembro do ano passado, quando a Rússia anunciou a anexação das regiões ucranianas de Kherson, Zaporijia, Donetsk e Lugansk.

Moscovo já tinha anexado a península ucraniana da Crimeia em 2014.

A Ucrânia e a generalidade da comunidade internacional não reconhecem a soberania russa nas cinco regiões ucranianas.