“Dizemos aos EUA que serão derrotados (…). O Iémen converter-se-á no cemitério dos norte-americanos e abandonarão a região humilhados”, afirmou Ali al Qahum, numa entrevista hoje divulgada pela agência noticiosa iraniana Irna, horas após Washington ter anunciado a interceção e destruição de um míssil anti-navio lançado pelos Houthis, que desencadearam ações militares no Mar Vermelho em represália pela ofensiva de Israel na Faixa de Gaza, território controlado pelo grupo islamita palestiniano Hamas.
“Os dirigentes, as Forças Armadas e o povo do Iémen estão plenamente dispostos a entrar numa guerra direta e total contra o Grande Satã para defender a Palestina”, assinalou o alto responsável dos rebeldes iemenitas e pró-iranianos, numa referência aos EUA.
Ali al Qahum frisou ainda que os ataques contra o Iémen violam o direito internacional e a soberania do país, e prometeu uma resposta “contundente” aos bombardeamentos norte-americanos e britânicos.
Desta forma, o representante dos Houthis insistiu que os ataques contra os navios associados a Israel vão continuar enquanto prosseguir a “cruel campanha” israelita na Faixa de Gaza que desde 07 de outubro já terá provocado pelo menos 24.100 mortos, de acordo o Ministério da Saúde local, tutelado pelo Hamas.
A par dos ataques no Mar Vermelho, e da resposta dos EUA e do aliado britânico contra as posições dos Houthis no território iemenita, também permanece muito instável a situação na fronteira entre Israel e o Líbano, onde desde o início de outubro decorrem confrontos e bombardeamentos entre o Exército israelita e as milícias do movimento xiita libanês Hezbollah, com o risco do alastramento do conflito.
Na passada quinta-feira, o Reino Unido e os EUA bombardearam instalações militares dos Houthis no Iémen em resposta aos ataques a navios no Mar Vermelho. O Governo britânico insistiu que as ações militares contra os Houthis foram em “legítima defesa” e pretendem “garantir a segurança” do transporte marítimo comercial.
Nas últimas semanas, muitas empresas de navios optaram por evitar o Mar Vermelho — um ponto vital para o comércio entre a Ásia e a Europa — devido aos ataques dos Houthis
Várias empresas de transporte marítimo decidiram chegar à Europa através do extremo sul do continente africano, que representa um custo adicional, assim como mais 10 dias de navegação.
O conflito em curso entre Israel e o Hamas, que desde 2007 governa na Faixa de Gaza, foi desencadeado pelo ataque do movimento islamita em território israelita em 7 de outubro. Nesse dia, cerca de 1.140 pessoas foram mortas, na sua maioria civis mas também perto de 400 militares, segundo os últimos números oficiais israelitas. Cerca de 240 civis e militares foram sequestrados, com Israel a indicar que mais de 100 permanecem na Faixa de Gaza.
Em retaliação, Israel declarou uma guerra para “erradicar” o Hamas, que começou por cortes ao abastecimento de comida, água, eletricidade e combustível na Faixa de Gaza e bombardeamentos diários, seguidos de uma ofensiva terrestre ao norte do território, que entretanto se estendeu ao sul.
Comentários