Nascida de um grupo de voluntários que se uniu para ajudar as vítimas do incêndio de Pedrógão Grande (no distrito de Leiria), a associação, constituída oficialmente em abril, estendeu depois o seu apoio a famílias afetadas pelos fogos no Pinhal de Leiria, em outubro de 2017, e a pessoas carenciadas com quem se deparou entretanto.
"Quando surgiu o incêndio de Pedrógão Grande, estava a jantar com um grupo de amigos, onde se encontrava o ex-comandante dos Bombeiros Voluntários de Vieira de Leiria Rui Silva e a esposa. De imediato decidi ir para Pedrógão ajudar e perguntei quem se juntava a mim ", contou a presidente da associação, hoje apresentada oficialmente em Vieira de Leiria, Vera Ribeiro.
Foi criada uma página de voluntários de Pedrógão Grande na internet e o grupo de Vieira de Leiria juntou cerca de 120 pessoas de todo o país, que quiseram ajudar.
Todos os fins de semana passaram a fazer cerca de 115 quilómetros para apoiar as famílias do norte do distrito. Estavam em Pedrógão Grande quando Vera Ribeiro recebeu imagens e informações do incêndio no Pinhal de Leiria.
"Nunca aqueles quilómetros foram tão longos até chegar a casa. Pelo caminho fui contactando com os bombeiros para saber das suas necessidades e percebi que os voluntários de Pataias necessitavam de bens alimentares e água. Fomos comprar e oferecer-lhes", recordou Vera Ribeiro.
A dirigente passou depois os dias a apoiar as vítimas do incêndio do Pinhal de Leiria, que teve início em Pataias, no concelho de Alcobaça. Três dias depois do fogo, o grupo de voluntários encontrou um espaço num pavilhão da freguesia de Vieira de Leiria, onde fixou a sua sede, e foi reunindo os donativos.
Escuteiros e voluntários associaram-se na prestação de ajuda. Mais tarde, porta a porta, fizeram o levantamento das necessidades das famílias e levaram ajuda psicológica.
"Houve voluntários que se juntaram a nós e passámos a ajudar pessoas de Seia, Anadia, Tondela... À medida que nos vão sinalizando, vamos tentando apoiar”, contou a presidente.
No terreno, foram percebendo que há muitas pessoas a viver "na miséria" e passaram a ajudar "quem precisa". Neste momento, a associação apoia 178 famílias, entre vítimas dos incêndios e agregados carenciados.
"Quando chegou o momento de pensarmos que iríamos arrumar as botas, não conseguimos e avançámos para a constituição oficial da associação. Queremos ir mais longe. Temos noção de que o pior ainda não passou. Falta matéria-prima, vão faltar colheitas e a fome vai aparecer", alertou Vera Ribeiro, afirmando que estaria "mais feliz" se não fosse necessário criar a associação e continuar o apoio.
A "Amigos por Perto" vai abrir em breve uma loja social: "Temos tido muitos donativos e queremos dá-los a quem precisa. Vamos continuar a dar apoio às famílias quer nos bens de primeira necessidade, como no apoio psicológico. Há famílias com problemas de saúde, que iremos encaminhar para quem os pode ajudar."
A associação vai também estabelecer protocolos com outras associações e "dinamizar atividades na sede, ao nível cultural, que possibilitem o apoio a pessoas na integração sociocultural da comunidade."
"Hoje é preciso ocupar os jovens e os menos jovens. Não vamos ficar só no nosso concelho. Vamos tentar ajudar as famílias de que tivermos conhecimento que precisam", assegurou Vera Ribeiro.
A associação conta com 13 elementos e com uma rede de 24 voluntários ativos. Sempre que é lançado o alerta, muitas outras pessoas juntam-se de imediato ao grupo.
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