"Todos sabemos que o mau ordenamento florestal está na base dos grandes incêndios e na dificuldade do seu combate, embora todos os anos se fale na mesma coisa, mas com pouca ação", disse à Lusa o presidente da Câmara, Rui André.

Para o autarca, tendo sido Monchique apontado como um dos concelhos em maior risco de incêndio para este ano, pouco foi feito em matéria de ordenamento florestal, "tendo o município feito a parte que lhe competia".

"O concelho tem sido votado ao abandono pelo sucessivos governos ao longo dos anos, e pouco tem sido feito ao nível do planeamento", frisou.

Segundo Rui André, "é importante complementar o esforço nas áreas do combate e da vigilância com o que nunca tem saído do papel e que tem sido só conversa, que é o planeamento e a prevenção estrutural".

"É importante a limpeza, mas há que fazer um outro tipo de planeamento, quer no ordenamento em termos florestais, como a criação de mosaicos com espécies que possam impedir que retire força a um eventual fogo", exemplificou.

Para o autarca, o incêndio que dura há cinco dias, constitui um enorme dano na economia de um concelho, cuja população, na sua maioria idosa, tem na floresta os seus principais recursos”.

Rui André sublinhou o facto de o incêndio estar a devastar a floresta e os recursos agrícolas essenciais para o desenvolvimento económico de um concelho cuja população tem na agricultura o seu principal sustento.

O autarca considerou, ainda, que há muitos anos que se fala de Monchique como um concelho em elevado risco constante de incêndio, "sem que se olhe para os riscos".

"Os incêndios de 2003 e 2004 foram devastadores para a economia e este ano, volta a repetir-se o mesmo cenário, sem que se consiga pôr cobro ao fogo que, inexplicavelmente, dura há cinco dias", frisou.

O autarca disse ainda não compreender a razão de o fogo continuar a lavrar ao fim de cinco dias, situação que classifica de "anormal".

"Já começo a questionar tudo. Até um certo ponto parece que os meios seriam os suficientes mas, entretanto, foram levantadas uma série de questões ligadas à inoperância dos meios que não podiam trabalhar por uma razão ou outra. Passado este tempo todo o fogo não para, situação para a qual não encontro explicação", destacou.

Rui André acrescentou que muitas casas de primeira habitação foram destruídas pelo fogo, "um número que não está ainda quantificado, embora as previsões apontem para mais de duas dezenas".

"Espero o apoio do Governo, obviamente, porque a câmara não tem capacidade só por si para devolver a normalidade ao concelho e para dar às populações um novo alento para continuarem com as suas vidas", concluiu.

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