A equipa de reportagem da agência Lusa descia hoje à tarde a estrada que liga o miradouro da Fóia a Monchique (distrito de Faro) quando um pequeno reacendimento junto a uma habitação evacuada concentrava as atenções. Ali, quatro elementos do Grupo de Intervenção de Proteção e Socorro (GIPS) da GNR tentavam como podiam combater as chamas.

À sua disposição tinham apenas alguns dos instrumentos que seguiam na sua viatura: ancinhos e abafadores. E foram suficientes para controlar a situação, permitindo-lhes rapidamente seguir para outro local.

De repente, ouviu-se um ligeiro estrondo. Dois troncos caíram sobre a estrada e ‘aterram’ na proteção lateral da via, que, apesar de algumas limitações, estava aberta à circulação.

Com carros parados de um lado e de outro, quatro populares tentaram desimpedir a estrada, com recurso a uma pequena serra de madeira. E foram parcialmente bem-sucedidos, mas apenas conseguiram tratar parte do problema: a serra não tem capacidade para cortar o tronco maior.

Poucos minutos depois, começaram a chegar carros de bombeiros, da GNR, da Unidade Militar de Emergências de Espanha e da Proteção Civil portuguesa. Foi a viatura destes últimos que tentou com um cabo e um gancho tirar a árvore do caminho, mas sem sucesso, tendo em conta a dimensão da árvore.

“Não há por aí ninguém com uma motosserra?”, perguntou um elemento da GNR a um bombeiro, sem, no entanto, obter uma resposta positiva.

A motosserra acabou por chegar 30 minutos depois do corte da estrada, quando os elementos das organizações de socorro já tentavam com as mãos provocar a rotura total do tronco para o desviar.

A situação ficou resolvida pouco depois e a estrada ficou novamente transitável, numa zona em que o vento sopra esta tarde com grande intensidade e o fumo é bastante intenso.

O incêndio rural deflagrou na sexta-feira à tarde em Monchique, no distrito de Faro, e lavra também nos concelhos vizinhos de Portimão e Silves.

Segundo um balanço feito hoje de manhã, há 32 feridos, um dos quais em estado grave (uma idosa internada em Lisboa), e 181 pessoas mantêm-se deslocadas, depois da evacuação de várias localidades.

De acordo com o Sistema Europeu de Informação de Incêndios Florestais, as chamas já consumiram mais de 21.300 hectares. Em 2003, um grande incêndio destruiu cerca de 41 mil hectares nos concelhos de Monchique, Portimão, Aljezur e Lagos.

Na terça-feira, ao quinto dia de incêndio, as operações passaram a ter coordenação nacional, na dependência direta do comandante nacional da Proteção Civil, depois de terem estado sob a gestão do comando distrital.