“Temos os problemas aqui apontados pelo senhor ministro da Administração Interna que estão a ser enfrentados. Mas demoram tempo. A propriedade fundiária, o reordenamento florestal. Eu junto o cadastro. O cadastro faz-me sofrer. A lentidão. Eu penso que corremos o risco de chegar a 2030 com um cadastro altamente incompleto em relação a realidade que e fundamental para a prevenção e combate aos incêndios”, afirmou Marcelo Rebelo de Sousa, na Câmara Municipal da Guarda.
O PR está hoje a realizar uma visita ao território afetado pelo grande fogo na serra da Estrela, que em agosto atingiu um total de 24 mil hectares de área ardida.
Nesta visita, é acompanhado pelo ministro da Administração Interna, José Luís Carneiro, sendo que além da Covilhã, também realizou passagens pelos concelhos de Manteigas, Seia, Gouveia, Celorico da Beira e Guarda.
“Eu sei que tem de ser assim porque o rigor científico e técnico assim o exige. Mas é uma dor de alma não ser possível definir quem é proprietário de quê. Há limitações estruturais”, frisou.
O chefe de Estado salientou que há também aquilo que “avança mais rápido”, como o Plano de Resposta Integrada aos Incêndios Rurais da serra da Estrela (PRISE).
“Temos de admitir que é avançar muito rapidamente conseguir por de pé, ao menos um começo de plano integrado ou traves mestras de um plano integrado a todos os níveis, em seis meses ou nove meses. É obra”, salientou.
Marcelo Rebelo de Sousa disse que há ainda um terceiro problema que envolve todos os portugueses.
“É preciso que os portugueses percebam o que está a ser feito. O senhor ministro [José Luís Carneiro] tem sido nisso muito, muito claro nas suas comunicações, aliando a preocupação da confiabilidade. Só confia quem percebe. Se não percebe não confia e a confiança é essencial para prevenir e depois para responder”, disse.
E, neste âmbito, o PR entende que se pode “dar um passo importante no ano que vem” antecipando um pouco a explicação da estratégia que está a ser seguida.
“Tem riscos, como em tudo. Para quem tem intenções criminosas, intenções levianas é um risco. Ficará a saber exatamente algumas prioridades objetivos e prioridades de ação. É um risco, mas vale a pena, talvez, correr esse risco”, salientou.
O chefe de Estado disse que esta foi uma jornada que correspondeu e até superou as expectativas.
Por último, Marcelo Rebelo de Sousa disse que em relação aos fogos não se pode esquecer uma questão que é fundamental: “O Portugal Metropolitano não vê os fogos florestais como vê o resto do território continental. Não vê e em muitos casos não sente. Isto foi particularmente visível em 2017 e 2018. Para o Portugal Metropolitano certas realidades como esta que aqui nos une pode não ser uma evidencia ou, pelo menos, uma evidência muito forte”.
Por isso, salientou a necessidade do trabalho adicional, “da “pedagogia lenta e permanente que é preciso fazer”.
“Num país centralizado há quase nove séculos é uma revolução nas mentalidades a descentralização”, concluiu.
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