Contactado pela agência Lusa, o Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) respondeu, através de correio eletrónico, que a morte desta mulher, ocorrida em 7 de janeiro, está a ser alvo de inquérito.
Foi determinada “a abertura de um inquérito para averiguar em pormenor as circunstâncias em que decorreu a assistência a esta utente”, disse o organismo, afirmando lamentar “o desfecho desta ocorrência” e apresentando “sentidas condolências aos familiares da vítima”.
A Lusa questionou o INEM na sequência da notícia publicada na edição de hoje do Correio da Manhã (CM), que titula: “Mulher morre em casa após duas horas à espera por socorro em Vendas Novas”.
Segundo o jornal, a mulher, de 59 anos, “caiu inanimada no chão” após sofrer um AVC e a família “ligou para linha de emergência, mas não havia meios disponíveis” para o socorro.
A família ainda ligou para as corporações de bombeiros da zona, mas também “nenhuma pôde deslocar meios ao local”, pode ler-se.
“Quase uma hora e meia depois, uma equipa dos Bombeiros Voluntários de Vendas Novas ficou disponível e deslocou-se à habitação”, tendo também chegado ao local, “algum tempo depois, uma equipa de Suporte Avançado de Vida, no caso, a VMER [viatura médica de emergência e reanimação] do hospital de Évora”.
Mas, por não ter sido possível “recuperar os sinais vitais” da mulher, o óbito foi declarado no local, noticiou o jornal.
O INEM indicou hoje à Lusa que “a chamada inicial foi recebida, às 10:34, no Centro de Orientação de Doentes Urgentes (CODU), que determinou o envio de uma ambulância.
O CODU foi confrontado com a “indisponibilidade imediata de meios das quatro corporações de bombeiros mais próximas do local” e “manteve-se em contacto telefónico permanente” com familiares, “prestando aconselhamento e acompanhando a evolução do estado de saúde da utente”, referiu.
A informação sobre o agravamento do estado de saúde da utente “foi recebida no CODU às 11:12 e foi imediatamente acionado, às 11:14, um meio de Suporte Avançado de Vida”, ou seja, a VMER de Évora, assim como, “às 11:33”, uma ambulância dos Bombeiros de Vendas Novas que “ficara disponível” e estava “a cinco minutos do local”, esclareceu o INEM.
O mesmo organismo indicou que “a vítima foi assistida pelas equipas de emergência médica pré-hospitalar, tendo sido, infelizmente, verificado o óbito pela equipa médica da VMER”.
Igualmente contactado pela Lusa, o comandante dos Bombeiros de Vendas Novas, Paulo Machado, confirmou hoje que, “infelizmente, nesse dia, os meios da corporação estavam todos na rua, mobilizados para outras ocorrências, à hora do alerta”.
“Das quatro ambulâncias de socorro que temos, duas estavam inoperacionais e as outras duas estavam em serviço”, noutras ocorrências cujos alertas tinham sido recebidos antes, lembrou.
Quando “uma das ambulâncias ficou livre, deslocou-se para esse teatro de operações”, tendo os operacionais encontrado “a vítima em paragem cardiorrespiratória, iniciado manobras de reanimação e pedido apoio diferenciado".
"Mas já não foi possível salvar a senhora”, lamentou Paulo Machado.
Os meios dos bombeiros “são finitos”, realçou o comandante, indicando ainda que “Vendas Novas fica a 60 quilómetros do hospital de Évora” e que “cada socorro dura entre 02:30 a 03:00, se não houver constrangimentos no hospital”, pelo que, numa região “vasta como o Alentejo, infelizmente, esta pode não ser uma situação única”.
O INEM disse ter aberto o inquérito “imediatamente após tomada de conhecimento do caso”, sem precisar a data, enquanto o Correio da Manhã noticiou que esta abertura “aconteceu cinco dias após a entidade pública ter sido contactada” pelo jornal.
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