Na quinta-feira, um tribunal de Ontário considerou que os disparos de dois mísseis contra o voo PS752 da Ukraine International Airlines após o avião partir de Teerão foram, “com toda a probabilidade (…) intencionais” e são considerados um “ato de terrorismo” segundo a lei canadiana.

O porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros iraniano, Said Khatibzadeh, declarou hoje num comunicado que o veredito não tem “qualquer fundamento” e não se baseia em “provas objetivas”.

O tribunal canadiano “não tem autoridade para se pronunciar sobre este incidente aéreo” que ocorreu fora do seu território e jurisdição”, adiantou.

Três dias após a catástrofe ocorrida a 08 de janeiro de 2020, as forças armadas iranianas reconheceram ter abatido o aparelho “por erro”, num contexto de tensão regional após a morte cinco dias antes em Bagdad de um poderoso general iraniano num ataque norte-americano.

A defesa antiaérea iraniana estava então em alerta máximo, esperando represálias norte-americanas aos disparos de mísseis iranianos contra uma base com soldados dos Estados Unidos no Iraque.

Entre as 176 vítimas do desastre encontravam-se 55 cidadãos canadianos e 30 passageiros com o estatuto de residentes permanente.

Khatibzadeh acusou o governo canadiano “de explorar a dor” das famílias das vítimas e o juiz encarregado do caso de ter seguido “ordens políticas”.

Segundo os advogados de quatro familiares de vítimas que levaram o caso à justiça canadiana, a decisão do tribunal abre caminho a pedidos de indemnização dos seus clientes ao Irão por “ato terrorista”. Os queixosos pedem mil milhões de euros por danos.