O anúncio foi feito pelo ministro-adjunto dos Negócios Estrangeiros iraniano, Abbas Araghchi, “numa carta a Rafael Grossi”, o diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA).

Atualmente o Irão enriquece urânio a 20%, muito além do limite de 3,67% que lhe é imposto pelo acordo nuclear com as grandes potências assinado em Viena em 2015.

Uma refinação de 60% colocará a República Islâmica em posição de passar rapidamente para os 90% necessários a uma utilização do minério para fins militares.

A Irna não precisa em que data começará a ser aplicada a medida, mas segundo a PressTV, canal de informação em inglês da televisão estatal, tal acontecerá a partir de quarta-feira.

O anúncio marca um significativo agravamento da situação e, segundo a agência noticiosa norte-americana Associated Press, pode resultar em ações por parte de Israel – cujo primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, prometeu nunca permitir que Teerão obtivesse a arma nuclear -, e aumentar as tensões no Médio Oriente.

“Vimos as notícias na imprensa”, mas “não há comentários neste momento”, declarou à agência France-Presse um porta-voz da AIEA em Viena.

A República Islâmica sempre negou pretender obter a arma nuclear, argumentando com proibições morais e religiosas.

Na sua carta a Grossi, Araghchi declara ainda que “1.000 novas centrifugadoras, com uma capacidade 50% superior, reforçarão as existentes em Natanz e substituirão as máquinas estragadas” pela explosão ocorrida no domingo neste complexo nuclear no centro do Irão, adianta a Irna.

A televisão estatal indicou, por seu turno, que Araghchi partiu hoje de Teerão para participar na quarta-feira em Viena numa reunião de balanço sobre as negociações em curso para tentar fazer regressar os Estados Unidos ao acordo internacional sobre o nuclear iraniano e ao mesmo tempo convencer o Irão a voltar a respeitar os compromissos do acordo.

O Plano de Ação Conjunto Global (JCPOA), como é designado, foi assinado em Viena em 2015 entre o grupo dos 5+1 (os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU - Estados Unidos, Reino Unido, França, Rússia e China - mais a Alemanha) e o Irão. Teerão aceitava limitações ao seu programa nuclear em troca do levantamento de sanções internacionais.

Em 2018, os Estados Unidos abandonam o acordo e restabelecem duras sanções à República Islâmica, que um ano depois começa gradualmente a infringir os limites estabelecidos pelo pacto.