Numa mensagem colocada nas redes sociais, a filha do ex-Presidente angolano, José Eduardo dos Santos, exonerada em novembro, por João Lourenço, do cargo de presidente do conselho de administração da petrolífera estatal Sonangol, questiona, sem nunca se referir à visita do chefe de Estado à Europa, da atratividade do país, do ponto de vista dos investidores estrangeiros.

"Qual o investidor que vai entrar se não dão autorização aos atuais investidores estrangeiros para levarem os lucros em dólares", aponta Isabel dos Santos, considerada a mulher mais rica de África, referindo-se às dificuldades que as empresas e investidores enfrentam, nos últimos anos, para repatriar lucros e dividendos, devido à escassez de divisas em Angola.

O chefe de Estado angolano terminou hoje uma visita oficial de dois dias à Bélgica, que se seguiram a outros três dias de visita oficial a França, sempre com agenda económica em vista, nomeadamente com vários encontros com empresários, franceses, belgas e luxemburgueses.

Durante estas visitas, João Lourenço chegou a apresentar Angola como o "novo destino do investimento em África".
Na segunda-feira, em Bruxelas, João Lourenço garantiu à comunidade empresarial belga que está a travar "uma verdadeira cruzada contra a corrupção e impunidade", que muito em breve criará um ambiente de negócios propício ao investimento privado no país.

Dirigindo-se num almoço a um "grupo representativo da classe empresarial belga", deu conta do "quadro de medidas que o executivo angolano vem tomando no sentido de atrair o investimento privado estrangeiro em Angola nos mais diversos setores da economia", e salientou várias iniciativas legislativas para garantir que a corrupção e a impunidade "têm os dias contados".

Depois de fazer um resumo do trabalho desenvolvido há alguns meses no sentido de criar um ambiente de negócios propício à atração de investimento privado, incluindo do ponto de vista legislativo, com uma nova lei sobre o investimento privado mais atrativa e que confere mais proteção aos investidores, assim como a nova lei da concorrência para "combater os monopólios e facilitar a livre concorrência entre agentes económicos", o chefe de Estado admitiu que estas medidas não seriam suficientes se não fosse travado também um combate à corrupção.

De acordo com João Lourenço, "este novo ambiente de negócios que se está a criar não ficaria completo" se as autoridades se limitassem a estas medidas enumeradas e não tivessem tido "a coragem de enfrentar dois grandes males de que a sociedade angolana enferma, mas que felizmente têm os dias contados, que são a corrupção e impunidade".
"Estamos numa verdadeira cruzada contra a corrupção e impunidade, cujos resultados positivos não tardam a chegar", garantiu.

O Presidente angolano apontou que, "nesta senda, a nova lei do investimento privado, ao não obrigar o investidor estrangeiro a associar-se em parcerias nacionais, cabendo a ele próprio fazê-lo se entender que é melhor para aquele negócio em concreto, está com isso a dizer que o seu investimento é bem vindo desde que cumpra com a lei e só com a lei, e que nada mais lhe será exigido, porque se algum agente do Estado o fizer poderá ser denunciado às autoridades competentes", disse.

"Angola é um país estável, acolhedor e com necessidade de investimento em praticamente todos os setores da economia. Visitem Angola e venham conhecer o novo destino do investimento em África. Garantimos que ficarão encantados e atraídos com as oportunidades que vão encontrar", concluiu João Lourenço, que hoje se deslocou a Antuérpia.