"Não me vou pronunciar sobre essa matéria, primeiro, porque não tenho elementos, segundo, porque não devo pronunciar-me sobre essa matéria. Há instâncias diversas internacionais e depois há diligências nacionais múltiplas", afirmou Marcelo Rebelo de Sousa, em reposta aos jornalistas, em Namur, durante a sua visita de Estado à Bélgica.
O chefe de Estado defendeu que "este é o momento de fazer tudo para que verdadeiramente haja futuro numa situação e numa região que tem sofrido muito ao longo do tempo" e que "isso ganha com o silêncio, com a diplomacia, se possível, mais do que com o falar publicamente na matéria".
Interrogado sobre o apelo do secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU) para que haja um cessar-fogo no conflito entre Israel e o Hamas, Marcelo Rebelo de Sousa disse apenas que compreende a posição de António Guterres, sem a subscrever.
"Eu queria dizer só sobre isso é que compreendo perfeitamente a posição do secretário-geral das Nações Unidas, porque está, no exercício do seu mandato, preocupado com a situação", respondeu, acrescentando: "É um apelo perfeitamente compreensível, porque corresponde ao que tem sido a linha orientadora da sua atuação em diversas situações no mundo".
Sobre a explosão de terça-feira no Hospital Al-Ahli, na Cidade de Gaza, o Presidente da República considerou que "chocou a todos, e provavelmente foi um choque universal", lamentando as numerosas vítimas civis.
"O nosso primeiro pensamento vai para as vítimas daquilo que ocorreu, como foi, por exemplo, quando também aconteceram bombardeamentos a estabelecimentos de saúde com vítimas civis na Ucrânia", referiu.
Marcelo Rebelo de Sousa tinha ao seu lado o ministro dos Negócios Estrangeiros, João Gomes Cravinho, que hoje apontou como "uma ideia bastante consolidada" a atribuição desta explosão a um míssil da Jihad Islâmica.
Confrontado com esta posição do Governo português e de outros governos, o chefe de Estado reiterou: "Eu, como digo, não queria pronunciar-me sobre isso".
"Eu disse cuidadosamente que há atuações intencionais e outras não intencionais que podem ter determinadas consequências. Para já, eu só me pronunciei sobre o lado humanitário da questão", frisou.
O Ministério da Saúde da Faixa de Gaza, enclave controlado pelo Hamas, culpou as Forças Armadas de Israel por este ataque.
Israel negou a responsabilidade pelo ataque e atribuiu a explosão a um disparo falhado do grupo Jihad Islâmica.
Comentários