De acordo com as fontes, que pediram anonimato devido à sensibilidade do tema, o plano, que ainda tem de ser discutido e apresentado ao movimento islamita palestiniano Hamas, inclui três fases e uma possível paragem permanente da campanha militar de Israel na Faixa de Gaza.

A primeira fase prevê um cessar-fogo temporário e a retirada das forças israelitas da passagem de Rafah, que liga Gaza ao Egito, bem como a libertação de todos os reféns vivos detidos pelo Hamas em troca da libertação de um grupo de prisioneiros palestinianos nas prisões do Estado judaico.

A segunda consiste na retirada das tropas do eixo de Netzarim, o corredor que divide a Faixa de Gaza de norte a sul, e a troca da “maioria” dos corpos dos reféns mortos pelos corpos dos combatentes do Hamas, segundo as fontes.

Na fase final, Israel comprometer-se-ia a retirar as suas forças do Corredor de Filadélfia (a fronteira entre Gaza e o Egito) e do norte da Faixa, na condição de que uma coligação árabe e da Autoridade Palestiniana (AP, no poder na Cisjordânia) supervisionasse esta zona duramente atingida do enclave palestiniano.

Nesta fase, Israel entregaria também o corpo do líder do Hamas, Yahya Sinouar, recentemente assassinado no sul da Faixa.

As fontes informaram ainda que o Egito e o Qatar estão a fazer “esforços intensos” para parar a guerra em Gaza, ao mesmo tempo que tentam “fazer alterações ao texto a favor do Hamas” para que o grupo palestiniano aceite a proposta, embora existam dúvidas sobre a verdadeira vontade de Israel em parar a guerra em Gaza.

O Hamas declarou-se pronto a cessar as hostilidades em Gaza caso Israel se comprometa com um cessar-fogo, após discussões no Cairo que incluíram uma delegação do grupo palestiniano, onde foram apresentadas “ideias e propostas” para a retomada das negociações de paz.

Israel confirmou que enviará este fim de semana o líder dos serviços secretos, Mossad, David Barnea, a Doha para retomar as negociações para um cessar-fogo na Faixa de Gaza e a libertação de reféns.

Além de Barnea, as conversações incluirão o novo chefe dos serviços secretos egípcios, Hassan Mahmoud Rashad, possivelmente o responsável dos serviços secretos norte-americanos da CIA, William Burns, e o primeiro-ministro do Qatar, Mohammed ben Abdelrahmane Al-Thani, o interlocutor do grupo islamita palestiniano, uma vez que o Hamas não está diretamente envolvido.

Desde uma breve trégua, há 11 meses, durante a qual foram libertadas dezenas de reféns detidos na Faixa de Gaza, as sucessivas rondas de negociações sobre Gaza não tiveram quaisquer resultados.

No entanto, o homicídio, por soldados israelitas, de Yahya Sinouar, tido como mentor do ataque do Hamas de 7 de outubro de 2023 contra Israel, reativou as esperanças de um reatamento das conversações, já que o líder do Hamas era considerado um obstáculo nas negociações conduzidas com a ajuda dos Estados Unidos, do Qatar e do Egito, segundo a AFP.

As últimas reuniões ocorreram em agosto, no Egito e no Qatar, com base num plano apresentado no final de maio pelo Presidente norte-americano, Joe Biden.

Israel declarou a 7 de outubro do ano passado uma guerra na Faixa de Gaza para “erradicar” o Hamas, horas depois de este ter realizado em território israelita um ataque de proporções sem precedentes, matando cerca de 1.200 pessoas e fazendo cerca de 250.

A guerra, que hoje entrou no 385.º dia e continua a ameaçar alastrar a toda a região do Médio Oriente, fez até agora na Faixa de Gaza quase 43 mil mortos (quase 2% da população), entre os quais 17 mil menores, e 100 mil feridos, além de mais de 10 mil desaparecidos, na maioria civis, presumivelmente soterrados nos escombros, de acordo com números atualizados das autoridades locais, que a ONU considera fidedignos.